quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Os objetivos dos senhores do futebol: O Brasil espera que a Copa do Mundo de 2014 aumente a sua imagem no esterior, mas o país do futebol está envolvido em muitos escandalos.



É o único país a ter jogado todas as edições da Copa do Mundo de futebol e que ganhou cinco vezes, mais do que ninguém. Então, o Brasil se sente proprietário sobre o torneio, que vai hospedar em 2014. Outra vitória, bom futebol e uma atmosfera de festa iria satisfazer os adeptos da casa exigentes, bem como muitos dos 600 mil esperados do exterior. Mas para o governo do Brasil é a preparação para o torneio não está indo bem.

Está se tornando claro que as melhorias prometidas aos sistemas de transportes do país ranger não são susceptíveis de ter grande significado. De 49 planejadas de transportes urbanos esquemas nas cidades-sede, foram iniciados trabalhos em apenas nove. Melhorias nos aeroporto estão em atraso também, e mais da metade são apenas correções temporárias. O governo está tentando para amortecer as expectativas. Em entrevista à Carta Capital, uma revista semanal, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, disse que as melhorias de transportes urbanos que não eram essenciais para o sucesso do torneio. Miriam Belchior, o ministro do Planejamento, sugeriu que o governo iria declarar feriados em dias de jogo para evitar engarrafamentos.

Sepp Blatter, o presidente da FIFA, corpo governante do futebol mundial, tem escrito para Dilma expressando preocupação. Mas Dilma tem motivos para se preocupar FIFA. Justamente quando ela está fazendo seu melhor para limpar o país da política, ela demitiu quatro ministros sobre a corrupção em declarações a Copa do Mundo está sendo executado por uma das figuras mais manchada do futebol. E reivindicações da Fifa continuam vindo.

Ricardo Teixeira, que é presidente do COL e membro do comitê executivo da Fifa, é presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) desde 1989. Ele é um protegido de João Havelange, que comandou a FIFA por quase um quarto de século até 1998. Ricardo Teixeira tem acumulado acusações de corrupção há anos. Em 2001, investigações pelo Congresso do Brasil em corrupção no futebol encontrou irregularidades em um negócio arranjado pelo Ricardo Teixeira sob a qual a Nike patrocinou a equipe nacional. A comissão parlamentar de inquérito repassados ao Ministério Público cerca de 13 acusações contra ele, incluindo peculato lavagem de dinheiro e evasão fiscal. Todos foram posteriormente retiradas. (Nike diz que o contrato foi "totalmente legal em essência e espírito".)

"Panorama", um programa de televisão BBC, acusou o  Teixeira e o Havelange de receber propinas na década de 1990 relacionados com os direitos de marketing para os jogos. No início deste ano Senhor (David) Triesman, o homem que lançou tentativa fracassada da Inglaterra para sediar a Copa do Mundo em 2018, disse que o Ricardo Teixeira havia pedido dinheiro em troca de seu voto.

Em uma entrevista à revista “Piauí”, Ricardo Teixeira negou as acusações da BBC. Ele disse que o Inglês estavão "puto porque eles perderam" e que ele teria a sua vingança na BBC: enquanto ele estiver na CBF e FIFA, ". Eles não vão passar pela porta" Ele se gabou de que em 2014 ele faria "o mais escorregadio, impensável, as coisas maquiavélicas [como] negar credenciais de imprensa, impedindo o acesso, mudando horários de jogo." O Ministro do Esporte, Orlando Silva, teve a promessa de que todos os jornalistas seriam tratados de forma justa e permitiu para fazer o seu de trabalho.

Uma investigação FIFA limpou o Ricardo Teixeira de acusações de Lord Triesman. João Havelange não respondeu às alegações da BBC. Mas o Comitê Olímpico Internacional, do qual o Havelange é membro e que tem mais rigorosos padrões éticos do que FIFA, querem investigá-las. Esta semana, um promotor brasileiro declarou que vai pedir para a policial federal para investigar se Ricardo Teixeira era culpado de lavagem de dinheiro e crimes fiscais.

Jogos de marketing

Outro escândalo de cerveja diz respeito a um jogo amistoso entre Brasil e Portugal em Brasília em novembro de 2008. Associados do Ricardo Teixeira recebeu milhões do evento. Em torno do mesmo tempo, eles parecem ter assinado contratos comprometendo-se a pagar grandes somas ao Ricardo  Teixeira para fins que permanecem obscuros. Seis meses antes do jogo, Sandro Rosell, que agora é o presidente do Barcelona, tornou-se diretor da Ailanto, uma empresa de marketing esportivo no Rio de Janeiro criada pouco antes.

Sr. Rosell tem vindo a fazer negócios com o Sr. Teixeira há anos: ele se mudou para o Brasil como diretor da Nike do marketing esportivo em 1999 para gerenciar o relacionamento da empresa com a CBF. Uma semana antes do jogo de Brasília, o governo do Distrito Federal assinou um contrato para pagar 9 milhões de reais a Ailanto (US $ 4 milhões na época) para os direitos de comercialização e outros serviços vagamente definido, incluindo o transporte e acomodação para arranjar jogadores de ambos os times. (O então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, mais tarde foi preso e acusado pela Polícia Federal sobre corrupção relacionados com outros assuntos.)

Que tratam agora está sendo investigado para preenchimento e corrupção. O Ministério Público em Brasília diz que as despesas pagas relativas ao jogo foi apenas cerca de 1 milhão de reais e que, em qualquer caso, a Federação de Futebol de Brasília (FBF), uma afiliada da CBF, havia pago. Diz também que, embora o governo do Distrito Federal comprou os direitos para o jogo, o dinheiro da venda de ingressos foi para a FBF. Força de polícia de Brasília tem procurado instalações Ailanto, no Rio de Janeiro, apreendendo documentos.

Juntamente com estas promoções executar três outros cujos propósitos não são imediatamente óbvios. The Economist tem cópias do que parecem ser os contratos de todos os três. Uma datada março 2009 comete Vanessa Precht, um brasileiro que trabalhou anteriormente em Barcelona FC e que foi sócio Sr. Rosell em Ailanto, para locação uma fazenda no estado do Rio de Janeiro do Sr. Teixeira para 10.000 reais por mês durante cinco anos. Recentemente, a Rede Record, visitou a fazenda em junho e consegui encontrar ninguém que tinha ouvido falar de Ms Precht. Dois congressistas brasileiros pediram um inquérito para determinar se o negócio foi uma forma de Ms Precht para retornar ao Sr. Teixeira parte do dinheiro obtido com a Ailanto amigável Brasil-Portugal.

Os outros dois contratos foram assinados separadamente em julho de 2008 pelo Sr. Teixeira e Rosell com o Sr. Cláudio Honigman, um financista que é sócio do Sr. Rosell em uma empresa de marketing esportivo diferentes-brasileira, de Marketing Brasil 100%. Sr. Honigman comprometeu-se a pagar a cada homem 22.5m reais para comprar de volta as opções em 10% das ações da Alpes Corretora, uma corretora de São Paulo, que o Estado contratos de ele já tinha vendido a eles. Um porta-voz da Alpes Corretora tem dito The Economist que nunca Sr. Honigman tinha nenhum interesse em quaisquer ações na empresa. Sr. Rosell e o Sr. Teixeira se recusou a comentar para este artigo. O advogado de Honigman diz que ele tem sido incapaz de contatá-lo. Ms Precht não respondeu ao nosso pedido para uma entrevista.

O panjandrums do futebol internacional têm sido tradicionalmente intocáveis: FIFA é uma lei em si. Sr. Teixeira manteve sua posição no topo do futebol brasileiro apesar das alegações de corrupção anterior. Mas desta vez pode ser diferente.

Advogados da FIFA estão tentando bloquear a publicação de um relatório do Ministério Público do cantão suíço de Zurique em uma investigação criminal sobre os pagamentos recebidos por altos funcionários da FIFA na década de 1990. Defesa dos funcionários foi que, tendo as comissões não era ilegal sob a lei suíça da época. Mas desde que o dinheiro foi destinado a FIFA, o promotor investigou os indivíduos embolsando-lo para má gestão criminosa e apropriação indébita. A investigação foi abandonada depois de dois funcionários concordou em pagar 5,5 milhões de francos suíços (US $ 6,2 milhões) para o cantão, que passou o dinheiro para FIFA e instituições de caridade. Ambos negaram prática criminosa.

O relatório foi arquivado a pedido dos advogados dos funcionários. Assim, suas identidades não foram revelados, embora o advogado de um deles disse que seu cliente é um homem velho com problemas de saúde que já não tem um papel.oficial. Que aparece para descrever o Sr. Havelange, que tem 95 e é presidente honorário da FIFA. O tribunal de Zurique alta é decidir na próximas semanas sobre petições pelos jornalistas para o lançamento do relatório. The Economist contactado o escritório do Sr. Havelange, no Rio de Janeiro sobre estas questões, mas ele se recusou a falar conosco.

Dentro do Brasil, também, as coisas estão mudando sob o Sr. Teixeira. Dilma Rousseff nomeou Pelé, jogador de futebol mais famoso do Brasil, como embaixador honorário do governo da Copa do Mundo e está a tentar congelar o Sr. Teixeira para fora. O COL deixou Pelé de fora da lista de convidados para o sorteio da Copa do Mundo, em julho. Dilma trouxe ao longo de qualquer maneira, e também fez muito dele em uma cerimônia em 16 de setembro marcação 1.000 dias até pontapé de saída. "Com todo o respeito devido à FIFA e à CBF", disse Dilma Rousseff Carta Capital, "a face de (o torneio] no exterior será Pelé".

Extraído e traduzido do site "The Economist". Leia aqui.

Preto no branco

Na revista “ÉPOCA” desta semana, o melhor perfil já publicado do presidente do Corinthians. O que está em negrito, no texto, são destaques feitos pelo blogueiro.  
 

Andrés Sanchez – Preto no branco

Chapa de Lula, amigo do Fenômeno, parceiro da Odebrecht… O retrato do presidente que transformou o Corinthians num negócio bilionário

LUIZ MAKLOUF CARVALHO

JOGO DE CINTURA
O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, definido pelo economista Luís Paulo Rosenberg como “a versão futebolística do Lula” (Foto: Paulo Varella/ÉPOCA)

A sexta-feira 9 de setembro foi dia de corintiano feliz. Às 11 horas da manhã, a mulher do mais ilustre deles, dona Marisa Letícia Lula da Silva, ligou para o presidente do clube, Andrés Navarro Sanchez. Ele estava em sua mesa de trabalho, no Parque São Jorge, a enorme sede social do Corinthians, no Tatuapé, bairro da Zona Leste de São Paulo. Naquela calorenta manhã, o quase sempre carrancudo Sanchez era um sujeito agradável. No jogaço de véspera, no Pacaembu, contra o Flamengo, o atacante Liedson vingara-se do soco do zagueiro Gustavo com um segundo gol que selaria a vitória corintiana. “O mais importante é que o time jogou bem. O Adriano foi no vestiário, no intervalo, e botou pilha no pessoal. Belo gesto! O chato foi aquele soco no Liedson”, disse Sanchez, entre goles no café com leite e dentadas no pão, enquanto fazia seu tradicional desjejum na padaria. De celular para celular, dona Marisa Letícia cumprimentou-o pela vitória. Ele respondeu:
– No sufoco, quase morrendo do coração, mas ganhamos (risos). Um beijo.
Ela passou o telefone para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Da boca de Sanchez, saiu o seguinte:
– Tá vivo, presidente? Tava lá, pô! P.q.p.! Você tem que ir num jogo lá, pô…
– Ah, vai pegar um gancho de uns dez jogos. O cara foi muito covarde. Mas pode ficar tranquilo que se o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) não pegar, vou entrar com a denúncia.
Lula, então recém-chegado de Portugal, sugeriu, empolgado, que o Corinthians apresentasse algo parecido com a águia amestrada que sobrevoa os estádios antes das partidas do Benfica.
– Esse cara da águia veio aqui também, presidente, há uns dois anos, querendo colocar um gavião. Só que o gavião é símbolo de uma torcida, a Gaviões da Fiel, e não o símbolo do Corinthians, né?
Lula insistiu. Sanchez riu, depois deu uma gargalhada.
– O senhor tá bem?, perguntou.
Lula falou da viagem. E ouviu:
– P.q.p.! Se tiver uma viagem pra esses lugares aí, El Salvador, Haiti, aí eu vou junto, pô. Tá bão? Um beijo! Tchau.
O Corinthians tem um outro Lula da Silva. É o preparador físico e jovem empresário Luís Cláudio, filho de Lula, também conhecido como Lulinha. Ele é funcionário, contratado em 2009. Começou na preparação física do esporte amador – mas nos últimos meses vem cuidando de intercâmbios na difícil área internacional. Volta e meia Sanchez o recebe em sua sala. “É um bom funcionário e um bom menino”, diz. (Ambos os Lulas da Silva não quiseram dar entrevista.)
mosqueteiros Sob os olhares do técnico Mano Menezes (à esq.) e de Sanchez, Lula e Ronaldo batem bola no escritório da Presidência da República em São Paulo, em 2009. “Boto a mão no fogo por Andrés”, diz o Fenômeno (Foto: Leonardo Wen/Folhapress)



 
* * *
“Não aguento mais essa p…”, gritou Sanchez, em sua sala de presidente, numa fria manhã de setembro. “Fico aí, me matando, e ainda sou chamado de ladrão.” O palavrão designa o clube com uma das maiores torcidas do Brasil. Mas é apenas um desabafo. No fundo, Sanchez é um sujeito profissionalmente feliz. Sabe que faz a gestão mais produtiva da história do clube. Controversa, sim. Mas vai deixar um legado inegável: um centro de treinamento que custou R$ 50 milhões e é o mais moderno da América Latina, a terceira camisa mais valorizada publicitariamente em todo o mundo e o clube brasileiro que mais arrecada com propaganda. De acordo com a consultoria financeira Crowe Horwath RCS, cujo sócio brasileiro é o vice-presidente de finanças Raul Correa da Silva, a marca Corinthians passou a ter o maior valor de mercado do futebol brasileiro: R$ 867 milhões. O Corinthians ainda terá, em dois anos, um estádio próprio na Zona Leste paulistana, o Itaquerão. Ele está sendo construído pela Odebrecht – ao anunciado custo de R$ 780 milhões. Sanchez aposta que será lá o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014. Ao ser perguntado sobre o Itaquerão, obra que só vai sair graças a um financiamento a juros baixos do BNDES e a incentivos fiscais dos poderes públicos, Sanchez travou o seguinte diálogo com o repórter de ÉPOCA:
– Quem fez o estádio fui eu e o Lula. Garanto que vai custar mais de R$ 1 bilhão. Ponto. A parte financeira ninguém mexeu. Só eu, o Lula e o Emílio Odebrecht (presidente do Conselho de Administração da Odebrecht).
– O dia em que essa história vier a público, vai ficar feio para quem?
– Não vai ficar feio pra ninguém. Vai ficar, talvez, não imoral, mas difícil para o Lula.
– Por quê?
– Porque vão falar: “Pô, como é que uma empreiteira se submete a fazer isso? Por que o presidente pediu?”. É o que insinuam até hoje.


A sala de Sanchez fica no 5º andar do edifício sede no Parque São Jorge. De meia em meia hora, ele pede cafezinhos com leite. Fuma um cigarro a cada três minutos. Pelo estatuto do Corinthians – renovado em sua gestão –, faltam cinco meses para terminar seu segundo mandato de presidente, iniciado em fevereiro de 2009. Deveria sair em fevereiro de 2012, mas anunciou que sairá, sem falta, no próximo dia 15 de dezembro.
Sanchez perdeu uma lasca do dedo anular direito ao teimar em mexer com uma máquina de moer cana. Tinha 6 anos. Foi em Limeira, a 150 quilômetros de São Paulo, no sítio dos avós maternos, espanhóis. “André foi um menino de coração muito bom, mas de gênio ruim”, diz sua mãe, Josefa Sanchez, a dona Pepa, em sua casa na periférica Vila dos Remédios, em Osasco, Grande São Paulo. Faz sete anos que ela perdeu a visão. “Cada um carrega sua cruz”, afirmou. Pepa e o marido de 80 anos, Gregório Navarro Reche, são espanhóis da Andaluzia. Conheceram-se em São Paulo, no final dos anos 1950. Gregório tinha um açougue em Ribeirão Pires, na Grande São Paulo. Josefa, uma família grande e bem estabelecida em Limeira. Casaram lá, em 1961. Sanchez chegou na véspera do Natal de 1963. Foi o segundo, de quatro filhos. Toda a família o chama de André.
Gregório tinha uma banca de frutas no Ceasa de São Paulo. Corintiano, associou-se ao clube em fevereiro de 1969, com o título de número 100.492, quando moraram na Zona Leste. Sanchez tinha 5 anos. Em 1972, Gregório pegou Pepa, os três filhos de então e embarcou num navio para a Andaluzia natal. Passaram dois anos com parentes na aldeia de Llano de Los Olleres. Gregório e Pepa trabalharam duro. Sanchez sofreu na escola, mas aprendeu a língua dos pais. “Foi uma experiência boa, mas complicada”, diz. Retornaram no final de 1974. Gregório voltou a trabalhar no Ceasa, agora como carregador. Anos depois, estabeleceu-se como feirante, com uma banca de frutas. Acordavam de madrugada, de segunda a domingo, para montar a barraca nas feiras da Vila dos Remédios. “O André ajudava, mas não parava de reclamar”, diz seu Gregório.


No Colégio Nossa Senhora dos Remédios, Sanchez penava para passar de ano. Gazeteava aulas para ir, de ônibus, ao Parque São Jorge. Aos 13 anos, já se esforçava para passar na peneira do dente de leite corintiano. E passou, aos 14, como lateral direito. “Eu sabia jogar e queria ser profissional. Mas já bebia, já fumava, não aparecia nos treinos. Não deu certo. Sou um jogador frustrado.”
Seu melhor amigo da juventude foi o tenente-coronel Augusto Fernando Silva, que o chama até hoje de Espanha. O apelido do coronel era Fernando Minando. Quase três anos mais velho que Sanchez, ele entrou para a Polícia Militar de São Paulo aos 15, quando isso era possível. Passou a maior parte do tempo na Rota, aposentou-se com 45 anos e hoje, aos 51, cuida da segurança de um banqueiro. Minando e Espanha eram amigos s de bairro, bailes e futebol. Sanchez jogou futebol de salão, como ala, no Água Branca, do Moinho Santo Antônio, e no Real Madrid – da Vila dos Remédios.
Sanchez namorou e casou com os olhos verdes de uma colega do bairro e da escola, Maria Bernadete Gomes, a Dete, filha de portugueses, o pai sapateiro, depois padeiro. Tiveram Lucas, 18 anos, e Marina, 14, os dois filhos que quase sempre vão ao estádio quando o Timão joga em São Paulo. Separaram-se em 2000. Mantêm boa relação, mas não inteiramente resolvida.
Foi com José Oller, primo pelo lado materno, dois anos mais velho, que Sanchez começou a trabalhar e a ganhar dinheiro. Antes, penara como um indisciplinado praça do 4o Batalhão de Infantaria Motorizada, em Quitaúna, Grande São Paulo. Oller abriu uma loja nas cercanias do Mercado Municipal paulistano. Vendia sobretudo limões, no atacado. Sanchez chegava de madrugada e suava a camisa até as 3 da tarde. Aos limões, Oller agregou embalagens para frutas, as redinhas. Associou-se ao dono da Sol Embalagens, a fábrica que as produzia. O negócio cresceu, e Oller montou lojas na Ceasa de Ribeirão Preto e na de Campinas. Sanchez foi ser gerente desta última, no começo de 1983. Mudou-se, alugou apartamento, melhorou de carro.
DIFÍCIL”
Terreno do Itaquerão, em São Paulo, futuro estádio do Timão. O custo foi estimado em R$ 780 milhões pela Odebrecht: “Vai custar mais de R$ 1 bilhão”, diz Sanchez (Foto: Futura Press)


 
Um ano depois, resolveu passar seis meses em Barcelona, na Espanha. Lá, morou com Tadeu Oller, irmão de José. Sindicalista desde os tempos da luta contra o franquismo, relacionava-se bem com a cúpula dos então nascentes PT e CUT. De volta à Ceasa em Campinas, Sanchez teve um rápido flerte com o Partido Comunista do Brasil. Depois filiou-se ao PT. Em Campinas, conheceu e ficou amigo do atacante José Ferreira Neto, hoje comentarista da rádio e TV Bandeirantes. Naquela ocasião, a canhota de Neto brilhava no Guarani de Campinas. Fanático, Sanchez não perdia os jogos do Corinthians. Dete, com quem já namorava, tinha sempre de dividi-lo com o clube. Foi a terceira namorada das quatro que diz ter tido – fora os enroscos.
Casaram-se, apaixonados, em abril de 1989. Oller abrira mais uma Sol Embalagens, na Ceasa do Rio de Janeiro, e o casal mudou-se para lá. “Foi a melhor fase da nossa vida”, diz Dete no apartamento em que mora, com os dois filhos e a cadelinha poodle Lila, no Jaguaré, na Zona Oeste de São Paulo. O imóvel está no nome de Sanchez, que paga as despesas, inclusive o salário de Dete, sua funcionária num de seus dois postos de gasolina.



Lucas nasceu no Rio de Janeiro, no final de 1992. Sanchez continuava colado no Corinthians. Não perdia os jogos em São Paulo e, quando o clube jogava no Rio, era o anfitrião de Neto, então no Timão, e de jogadores amigos dele. Neto também o apresentou ao bicheiro e diretor de base do Corinthians Jacinto Antônio Ribeiro, o Jaça. Saíam depois dos jogos, pela animada noite do Rio. “O Andrés tinha dinheiro e nunca deixou ninguém pagar nada”, diz Jaça. Dete implicava com as farras. Em 1994, com cinco anos de Rio, a família voltou para São Paulo. Oller, prosperando, comprara a fábrica Sol Embalagens, em Caieiras, Grande São Paulo. Além de sócio, com participação de 8%, Sanchez passou a comandá-la. Comprou um BMW 323, preto, e alugou um bom apartamento no Alto de Pinheiros, bairro nobre na Zona Oeste paulistana.
O fim do casamento de 11 anos, em 2000, está vivo até hoje. Ele praticamente casara-se com o Corinthians – pelo menos é a avaliação dela – e padeceu o que chama de “decepção amorosa”. Foi uma fase difícil para ambos, agravada por um câncer que mais tarde Dete conseguiu vencer. (Ele também teve um, anos depois, e também pulou a fogueira.) Sanchez gosta de falar sobre questões pessoais. Ele se autodefine como “muito solitário”. “Tenho poucas horas de alegria para muitas de tristeza. É mais ou menos como o Corinthians: poucas horas de alegria para muitas de dor de cabeça.” Por que ele se sente assim? “Depois das minhas decepções amorosas, ou da maior delas, me tornei muito sozinho, fechado, bloqueado.” Mesmo eventualmente pensando em retomar o casamento, não superou o passado. Hoje, dizem ambos, está terminada a relação pessoal. “Tenho fama de comedor, de galinha, mas não sou isso”, diz. “Às vezes, à noite, vou na Passatempo (boate no Itaim Bibi, na Zona Sul paulistana), fico lá tomando meu uísque e venho embora pra minha casa.”
Deve-se ao bicheiro Jaça a entrada de Sanchez na vida interna do Corinthians. O então diretor de futebol amador do clube pediu ao auxiliar que cuidava da escolinha de futebol, Manoel Ramos Evangelista, que André do Rio – como Sanchez era então conhecido – fosse
admitido como ajudante. Nesse período, o jogo do bicho pesava muito na balança corintiana. O apelido de Evangelista é Mané da Carne, oriundo do ramo que o tornou próspero: açougue, primeiro; depois, a carne verde no atacado. Em 1995, ele era diretor adjunto da escolinha que reunia 70 moleques de 10 a 13 anos. Sanchez passou a ser seu assessor. Ia para o clube de BMW e tirava dinheiro do bolso para as despesas de uma categoria a que a diretoria não dava maior importância. “Ele gastava, do dele”, diz Jaça. “E, como todo mundo sabe: quem assina o cheque tem preferência.” Aos três mosqueteiros – Jaça, Mané e Sanchez – juntou-se um quarto: André Luiz de Oliveira, conhecido como André Negão. Também era bicheiro, sócio de Jaça, e Mané o agregou à escolinha. Como mostra seu cartão, Jaça é “assessor especial da presidência”. Ele mesmo traduz: “Na verdade, sou um aspone. Não mando p… nenhuma e não faço nada”. Já mandou mais, muito, mas ainda banca suas apostas.


Num fim de semana de outubro de 1996, Sanchez capotou e arrebentou, com perda total, um BMW que Jaça acabara de comprar e ainda tinha plástico nos bancos de couro. Estavam em Coxim, Mato Grosso, numa casa de Jaça, à beira do Rio Taquari. Depois de uma noite de farra, ao amanhecer, Sanchez pegou o BMW e foi levar umas garotas em casa. Na volta, o carro ficou com os quatro pneus no ar. Dois dias depois, num hospital de São Paulo, Sanchez soube que fraturara a vértebra C-4. Queriam operar, mas ele não deixou. Ficou 93 dias com um colete de gesso no pescoço.
André Negão, hoje diretor administrativo do Corinthians, tem uma sala ao lado de Sanchez. Simpático, não se importa em mostrar as marcas, pelo corpo todo, dos sete tiros que levou na manhã de 8 de agosto de 2003. Saía de uma padaria, perto do Parque São Jorge. Uma moto encostou, o carona desceu e, pelas costas, disparou. “Foi um milagre ele ter sobrevivido”, diz Sanchez. Até hoje, o caso é um mistério. “André, Jaça e Mané são meus grandes amigos”, diz Sanchez. “Me ajudaram muito, e sou parceiro dos parceiros.” Mané também tem seu cartão de “assessor especial da presidência”.
Na definição coincidente de seus três mosqueteiros, Sanchez era, nas internas do Corinthians, um reclamão contumaz das precariedades do futebol amador – que continuava a tentar sanar com dinheiro do próprio bolso. Sanchez cuidava das categorias mais crescidas da base do clube quando, no final de 1999, o poderoso vice-presidente Nesi Curi, braço direito do presidente Alberto Dualib, afastou-o do Corinthians. “Foi como se o mundo tivesse caído”, diz Dete. Ela se viu livre da concorrência. O marido concentrou-se na fábrica de Caieiras – e ficou dois anos fora do Timão.
Curi morreu na segunda semana de setembro. Sanchez visitou-o no hospital e foi a seu enterro. “Nesi o afastou porque descobriu que ele estava negociando jogadores para um clube do interior”, diz o blogueiro Paulo César de Andrade Prado. Responsável pelo Blog do Paulinho, Prado é o mais implacável detrator de Sanchez, de boa parte de seus diretores e de alguns de seus amigos. Diz responder a 56 processos por calúnia, injúria e difamação. Foi condenado em primeira instância em pelo menos meia dúzia – inclusive nos movidos por Sanchez, André Negão, Mané da Carne e Jaça. “Nesi me tirou da categoria de base porque eu brigava muito com ele”, diz Sanchez. “Nunca negociei jogador.” Outro que o apoquenta com acusações é o conselheiro corintiano Rolando Wohlers, vulgo Cyborg. Ele já foi sentenciado e cumpriu pena pelo crime de estupro. Prado e Wohlers são ligados a adversários de Sanchez no Corinthians.
TENSÃO
Sanchez, fumante, vê a derrota do Corinthians para o Santos, no estádio do Pacaembu, em São Paulo. Os amigos o descrevem como peitudo, mercurial e intuitivo (Foto: Caio Guatelli/ÉPOCA)

Em 2002, André Negão, também no limbo com o afastamento do amigo, deu um jeito de voltar ao Corinthians: virou cabo eleitoral do mais uma vez candidato a deputado estadual Wadih Helu. Morto em junho último – Sanchez também bateu ponto no cemitério –, Helu era uma espécie de “faraó malufista” da política paulistana. Por dez anos presidente do Corinthians (1961-1971), continuava a ter forte influência na gestão Dualib-Nesi Curi. “Fui à fábrica falar com o Andrés”, diz André Negão. “Disse a ele que a nossa chance de voltar para o Corinthians era apoiar a campanha do Wadih.” Sanchez respondeu:
– Você tá louco, tio. Isso eu não vou fazer nunca. Sou do PT, c… Se os caras descobrem um negócio desses, eu tô perdido. Não dá, tio.
– Então, tio, você não quer ser diretor – disse André desolado, já saindo.
– Ô tio, volta aqui. Você tem certeza que se eu fizer isso eu posso ser diretor do Corinthians?
– Claro, tio! Você não vive dizendo que quer ser presidente? Pois o caminho é esse. O Nesi é assim com o homem.
Poucas empresas apoiaram uma campanha de Wadih Helu com o calor da Sol Embalagens. Teve churrasco em chácara alugada, para mais de 1.000 pessoas, e material de campanha a valer. Ao ver todo aquele apoio, Nesi Curi mudou de opinião sobre os “tios”. Ainda em 2002, a pedido de André Negão, fez com que Dualib nomeasse os quatro mosqueteiros conselheiros vitalícios do Corinthians. No passo seguinte, Sanchez realizou a primeira parte de seu sonho: diretor de esportes terrestres, no quarto e penúltimo mandato consecutivo de Alberto Dualib (2003-2005).
* * *
Corinthians Casuals Football Club – homenagem à cidade grega de Corinto – foi um time de estudantes ingleses que passou por São Paulo em 1910. Jogou bonito. Por isso, cinco operários do bairro do Bom Retiro, na região central de São Paulo, escolheram esse nome quando fundaram o Timão, há 101 anos. Seu presidente notório, muitos anos mais tarde, foi o espanhol naturalizado Vicente Matheus. O último eleito, antes de Sanchez, foi Alberto Dualib. Ficou 14 anos ininterruptos no poder, fora os dez em que foi vice-presidente de Wadih Helu.
Kiavash Joorabchian, ou Kia, como ficou conhecido, é um milionário empresário anglo-iraniano. Em 2004, ele era o dono da Media Sports Investment, a MSI, sediada em Londres. É conhecida a história tumultuada de sua parceria com o Corinthians. Rendeu inquérito e processo, ainda tramitando, sobre a entrada de dinheiro ilegal no Brasil. Nessa ocasião, o articulado Sanchez já era diretor de futebol do clube. Apoiou a parceria, esteve em Londres com a comitiva que acertou o negócio, ficou amigo de Kia. Quando a Polícia Federal entrou no caso, Sanchez foi investigado e várias vezes ouvido pelo delegado e hoje deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). Não foi denunciado, não é alvo de inquéritos nem responde a processos judiciais. “O que mais me irrita é a insinuação de que eu sou ladrão e faço negociata com jogador”, diz Sanchez. “Já cansaram de me investigar – e estou limpo.”
Alberto Dualib é um senhor vetusto que põe terno e gravata para receber visitas no apartamento em que mora, no elegante Alto de Pinheiros, na Zona Oeste paulistana. Tem 91 anos e carrega, além da viuvez recente – Sanchez mandou uma coroa de flores –, uma condenação na primeira instância, por estelionato, em parceria com o finado Nesi Curi. Coisa de notas fiscais frias quando comandavam o Corinthians. Alega inocência – e recorre da sentença.
DO DETRAN PARA O TIMÃO
Sanchez (à dir.) com o delegado Mário Gobbi, seu candidato à presidência do Corinthians (Foto: Mauro Horita/Agif/Folhapress)

Dualib apoiou Sanchez porque ele era um empresário bem-sucedido e mão-aberta, disposto a emprestar dinheiro ao clube, ou a avalizar empréstimos, quando “seu Alberto” pedia. Subiu de posto, para vice-presidente de futebol, quando Dualib começou a anunciar que seu amigo e diretor Roque Citadini poderia, se quisesse, ser o próximo presidente do clube. Desafeto de Citadini, Curi exigiu que Dualib lhe diminuísse a crista. Sanchez aproveitou para crescer.
Sanchez narra o começo da sedição contra Dualib: “A oposição começou, forte, quando vimos o contrato que a Carla Dualib, neta do seu Alberto, tinha assinado com o clube. Ela ganhava R$ 38 mil por mês e tinha direito a 30% de toda a publicidade que entrasse no Corinthians, mesmo a que não fosse trazida por ela. Um privilégio absurdo”. Por causa da campanha movida por Sanchez, Dualib foi forçado a renunciar. Carla está processando o clube. “Ele soube fazer”, diz Dualib. “Formou uma ala política, disputou e ganhou.”
Sanchez assumiu a presidência do Corinthians, pela primeira vez, para cumprir o resto do mandato de Dualib. Era outubro de 2007. Nos meses que antecederam a queda de Dualib, Sanchez reuniu ao grupo da contravenção – a turma do bicho e agregados – profissionais liberais bem situados e interessados em melhorar o clube, batizados como “corintianos obsessivos”. “Ele teve a capacidade de nos conquistar”, diz o advogado Sérgio Alvarenga, diretor jurídico do Corinthians. “E jogo de cintura para administrar a convivência dos dois grupos”, afirma o advogado Felipe Ezabela. Os dois foram fundamentais na área jurídica. Também ajudou, e muito, a tonitruante autoridade do delegado de polícia Mário Gobbi. E, mais que os anteriores, o economista Luís Paulo Rosenberg, o vice de marketing. É dele a melhor frase sobre a diferença entre os dois grupos: “Se o Andrés me pedir para atender um pedido do Mané da Carne, simplesmente vou embora!”. Sanchez explica o segredo da convivência: “Todos engolindo sapo de um lado, todos engolindo sapo do outro”.
“Só consegui trabalhar com dois chefes: Delfim Netto e Andrés Sanchez”, diz Rosenberg na sala de reuniões da Rosenberg Partners, na movimentada Avenida Faria Lima, em São Paulo. Rosenberg colaborou com a gestão Dualib quando um grupo de jovens empresários achou que podia dedetizá-la. Sanchez colocou-o na vice-presidência de marketing. Lá, implantou uma gestão que multiplicou os empreendimentos e a receita do clube. “O Andrés é mercurial”, diz Rosenberg. “Tem péssima formação escolar, mas uma grande sensibilidade política para perceber onde pode surgir a crise e abortá-la.” Dois goles de água depois: “O Andrés, na verdade, é a versão futebolística do Lula. Sabe unir pessoas em torno de uma ideia e tem uma incrível capacidade de delegação. É grosseiro e muito agressivo. E também um manteiga derretida, o mais emotivo, o mais doce, o mais amigo dos amigos”.


Eleito presidente do clube, Sanchez deixou as empresas de José Oller. Vendeu os 8% da Sol Embalagens, montou meia dúzia de lojas em Ceasas de Estados diferentes, comprou dois postos de gasolina, o imóvel em que Dete mora e outro, menor, no mesmo bairro do Jaguaré. “Meu patrimônio é de R$ 3,5 milhões”, afirma. “Ficou combinado, com a família, que eu ficaria quatro anos dedicado ao Corinthians, mantendo minha retirada.” Suas lojas, que têm 80 funcionários, são administradas pelo irmão mais novo, Tadeu. “Vivo muito bem com R$ 40 mil por mês. É o suficiente.” (O Corinthians não remunera sua diretoria.)
O maior gol contra da primeira gestão de Sanchez no Corinthians foi o rebaixamento para a segunda divisão, em dezembro de 2007. Quando ele assumiu, faltavam sete jogos para o final do campeonato. Os adversários de Sanchez gostam de insinuar que a queda foi proposital. Sanchez diz: “Foi a maior frustração da minha vida. Fiz tudo ao meu alcance para o time não cair”. E por que ele não trocou de técnico? Sanchez reconhece o erro: “Eu tinha que ter afastado oito ou dez jogadores e ter trocado a comissão técnica. Mas, como assumi na terça e no domingo o time ganhou do São Paulo, não quis trocar. Talvez eu tenha sido omisso. Não mudei talvez por um pouco de medo de levar a culpa 100% sozinho. Tem que ver o tamanho da culpa de cada um. Que tenho culpa, tenho. Eu era o presidente. Nunca me isentei”.
Ronaldo Nazário, o Fenômeno, foi o maior gol de Sanchez no Timão, feito no final de 2008. Foi seu grande trunfo para ganhar o segundo mandato – para o qual seria reeleito, em fevereiro de 2009. O martelo foi batido num hotel do Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro, um dia depois da festa em que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) entregou os prêmios para os destaques de 2008. Sanchez e Rosenberg estavam hospedados no hotel Novo Mundo, no bairro do Flamengo, no Rio. Ronaldo chegou com seu empresário, Fabiano Farah. A tantas, resolvido o essencial da parte financeira, Rosenberg e Farah começaram a discutir os detalhes. Sanchez desceu para fumar, e o Fenômeno o acompanhou.
Aconteceu então uma cena inusitada. “Apareceu um torcedor com uma tatuagem do meu rosto na perna”, diz o agora empresário Ronaldo na sede de sua empresa de marketing esportivo 9ine, em São Paulo. “Ficou muito emocionado, chorou, foi uma p… coincidência. Isso me fortaleceu na hora de decidir.” Ele achou a proposta de Sanchez desafiadora. “Eu já vinha de salários bem altos na Europa e não sabia os valores que poderiam me oferecer. O Andrés teve a ideia de vender patrocínio na manga da camisa e no calção. Montamos juntos lá essa divisão do uniforme, de acordo com o patrocinador que viesse. Eu teria 80% de manga e calção, participando também no patrocinador máster (o principal)”. O santo dos dois bateu: “O Andrés é simples, autêntico, passa credibilidade. Boto a minha mão no fogo por ele”, diz Ronaldo. Na avaliação do Fenômeno, Sanchez “fez uma revolução no Corinthians e ensinou para o Brasil como fazer negócio, como trazer grandes jogadores, como viabilizar a permanência deles com salários altos”. O momento mais marcante entre os dois foi quando Ronaldo o avisou que pararia de jogar. Foi no apartamento do Fenômeno. Tomaram uma garrafa de uísque – o de Sanchez com guaraná, como sempre. “Aí contei tudo”, diz Ronaldo. “Falei das minhas dores, disse que não podia mais. Ali eram dois amigos, chorando como duas crianças bobas. Foi f…”
Como presidente do Corinthians, Sanchez não vai levar muitos títulos para casa. Só ganhou dois, neste segundo mandato que está acabando: o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil de 2009. Ainda tem o Brasileiro, em andamento, para testar sua sorte. Dos momentos amargos, ficará o dramático adeus à Libertadores na derrota para o Tolima, da Colômbia, neste ano. “Ainda dói”, diz.


Antes de Sanchez, era o Clube dos 13 que negociava, com as empresas de televisão, o preço das cotas de patrocínio pela exibição dos jogos. Calculando que o Corinthians podia ganhar mais, Sanchez implodiu o Clube dos 13. Inaugurou o modelo da negociação direta, depois seguido pelos outros clubes. Sua opção foi negociar com a TV Globo. A negociação começou em outubro de 2010 e terminou em março deste ano. Foram 15 reuniões. Sanchez e Rosenberg pelo Corinthians. Tinham pela frente Marcelo de Campos Pinto, diretor executivo da Globo Esportes. “Foi uma batalha campal, reunião a reunião, com avanços e recuos”, diz Campos Pinto. “Andrés foi duro e extremamente cioso na defesa dos interesses do Corinthians – e nós dos nossos. O resultado foi feliz para os dois lados.”
O contrato é confidencial. Do que veio à luz, o Corinthians receberá a partir de 2012, em quatro anos, entre R$ 80 milhões e R$ 120 milhões, ou quase o dobro do contrato anterior. “Andrés herdou um Corinthians em situação econômica e financeira absolutamente desesperadora e conseguiu sanear”, diz Campos Pinto. “Fez uma gestão muito eficiente: tem o maior patrocínio de camisa no Brasil – o terceiro do mundo –, construiu o centro de treinamento e elevou as receitas globais do clube. Andrés não é um scholar, mas é um dirigente sagaz, peitudo, ousado e intuitivo.” Campos Pinto diz que a TV Globo não se sentiu ofendida quando Sanchez a chamou de “gângster” numa reunião do Clube dos 13. “Lá, as reu niões costumam ser esquentadas”, afirma. “Foi só uma palavra mal aplicada.” Sanchez esclarece: “Falei gângster também para o Ricardo Teixeira, presidente da CBF, que é meu amigo, no sentido de gente poderosa, mas não criminosa”.
O advogado do Corinthians, Luiz Felipe Santoro, despacha com Sanchez praticamente todo dia. Também o acompanha em viagens, para resolver pendências do clube. Na segunda quinzena de abril, eles estiveram em Brasília, onde Sanchez prestou um depoimento à Comissão de Educação, Cultura e Desporto do Senado. No voo de volta, Santoro tomou um susto ao ver uma bolha do tamanho de meia laranja na perna esquerda de Sanchez. Sem aguentar a dor, ele puxou a perna da calça e, a sangue-frio, estourou a bolha contra a poltrona. Fazia três dias que queimara a perna, na sauna do novo centro de treinamento. Como não quis perder o compromisso no Senado, deixou a queimadura em paz, até a volta. Só em São Paulo, procurou um médico. “Quase gangrena”, diz Sanchez, rindo. Ficou uma semana no hospital.
* * *
Sanchez indicou, como candidato a sua sucessão, o delegado da Polícia Civil Mário Gobbi, que considera capaz de fazer o resto da faxina. Gobbi atende num posto do Detran em Guarulhos. Tem um vozeirão, está longe de ser simpático e é daqueles sujeitos que mostram o Imposto de Renda sem que se peça – mas retira-o imediatamente da mesa quando se vai olhar. “Sempre me preparei para receber essa indicação”, diz Gobbi. Ele é apoiado pelos “corintianos obsessivos”. Rosenberg é seu maior cabo eleitoral. André Negão não gostou da escolha. “Eles são obsessivos pelo poder, não pelo Corinthians”, diz. Negão sabe que Gobbi pretende tirar, pelo menos da cúpula diretora, todo o resquício da contravenção. Logo que Sanchez bateu o martelo por Gobbi, Negão lançou, em seu perfil no Facebook, o movimento “Fica Andrés”. Isso significaria mudar o estatuto, para permitir a reeleição. Sanchez não demoveu o amigo – até disse para ir em frente –, mas deixou claro que é contra. “Jamais vou brigar com o Andrés, meu irmão, por motivo nenhum”, diz Negão. “Nossa amizade está acima do Corinthians”, afirma Sanchez. Jaça também não quer Gobbi. Está organizando um grupo de oposição chamado “Corinthians com respeito”.
A verdade é que Sanchez não pretende exatamente sair. Antes de deixar a presidência, ele vai propor, no Conselho Deliberativo, a criação de uma comissão de três pessoas para acompanhar as obras de construção do Itaquerão. “Eu no comando, com autonomia total, um outro diretor que eu indique e um integrante da oposição. Quando o estádio ficar pronto, eu entrego a chave e digo: ‘Está aí, ó’”, diz Sanchez. “Além de um cara da oposição, eu queria colocar dois jornalistas. Mas isso não vai dar certo, porque vão dizer que é privilégio dos escolhidos.” E por que não um representante do Ministério Público? Sanchez dá risada: “Mas aí o cara vai querer aparecer mais que eu. Promotor é brincadeira, né?”.
Sanchez é bom em administrar a convivência dos contrários, como Gobbi e André Negão. Sabe que os potenciais candidatos da oposição – Osmar Stábile e Paulo Garcia – tentam sair numa chapa conjunta. Mas só observa, na dele. Parece ansioso para sair da presidência, que lhe exige dedicação integral. Quer mais tempo para os filhos. Para Dete, quem sabe? E mais liberdade para o uísque com guaraná, o pôquer e o truco, as incursões no clube de suingue que frequenta, as casas de samba, os botecos, os ótimos restaurantes e as boates caras. Quem sabe seja o presidente da CBF quando seu amigão Ricardo Teixeira sair? “Isso aí já deve estar tudo certo”, diz o comentarista Neto, com a autoridade de amigo assíduo. Ou, quem sabe?, volte depois do delegado Gobbi.
O que Sanchez quer que digam a respeito de suas gestões?
– Que um cara da torcida administrou muito bem o Corinthians. Que existe um Corinthians antes desse cara e um Corinthians depois desse cara.
Simples assim.





















 

O que Copa e Olimpíadas fazem pelas cidades?

Por RENATA NEDER, da ONG Action Aid
“Bilhões de dólares foram gastos em estádios e outras obras, mas nós permanecemos em barracos sem energia. Eles pediram para a gente “sentir a Copa” [expressão usada no slogan oficial do evento], mas nós não sentimos nada além da dor da pobreza piorada pela dor da repressão. O dinheiro que deveria ser gasto urbanizando as comunidades mais pobres foi desperdiçado. A Copa do Mundo vai terminar no domingo e nós ainda seremos pobres.”
Essa foi a fala de um jovem de Johannesburgo durante a Copa do Mundo de 2010. Reflete o sentimento de muitos sul-africanos em relação ao evento.
Eu estive na África do Sul alguns meses antes do início da Copa. Encontrei um país em obras e muita gente reclamando. Mas, quando os jogos começam, os problemas costumam ser esquecidos. Passada a euforia do momento, começam as discussões sobre os impactos do evento, o uso dos recursos, quem se beneficiou realmente… e por aí vai.
Essa discussão não termina, porque acaba emendando nas discussões daqueles que já estão preocupados com o futuro das suas cidades que serão sede das próximas Copas e Olimpíadas. Já existem muitas informações disponíveis e que merecem atenção.
Em 2010, as Nações Unidas lançaram um relatório sobre o impacto das Olimpíadas nas cidades-sede. Os números são chocantes. Seul (1988): 15% da população foi desalojada, 48 mil edifícios foram destruídos. Pequim (2008): Um milhão e meio de pessoas foram removidas. Atlanta (1996): 15 mil pessoas removidas. E essas remoções e despejos, na maior parte das vezes, foram feitos de forma violenta e desrespeitando direitos básicos da população.
Além do impacto direto das obras e de como elas são feitas, também há o ponto importante de quem realmente se beneficia com a realização destes eventos. Na África do Sul, por exemplo, muitos homens e mulheres artesãos, comerciantes, vendedores, trabalhadores, etc, acreditaram que poderiam se beneficiar e aumentar um pouco sua renda durante os jogos. Mas não foi assim. Os pequenos comerciantes e artesãos não tiveram acesso aos estádios e arredores. Um perímetro de exclusividade foi criado ao redor dos estádios. Ali, apenas as grandes redes e marcas poderiam comercializar seus produtos. Resultado: quem lucrou foram as grandes empresas, não os sul africanos.
E falando em estádio… hoje, apenas um ano depois da Copa, já se discute na África do Sul a demolição de alguns dos estádios construídos. O custo da manutenção é alto demais, não justifica manter o “elefante branco” em pé.
E o que falar dos gastos? A Copa da África do Sul acabou custando 17 vezes mais do que o previsto inicialmente. Cidades que foram sede de mega eventos se endividaram além de suas capacidades e passaram muitos anos pagando a conta. È o caso de Atenas (2004) e Montreal (1976) que sediaram os Jogos Olímpicos.
Quanto mais investigamos, mais vemos cenários desanimadores. Mas, como disse o cientista político Antonio Gramsci, não devemos ficar apenas no pessimismo da razão. Devemos ter o otimismo da vontade.
O otimismo da minha vontade diz que é possível trilhar outros caminhos em que a realização de megaeventos esportivos promova inclusão social, gere renda e diminua desigualdades. Mas o caminho que leva a esse legado é o caminho da participação popular, da transparência, do controle social sobre as políticas e uso de recursos públicos.
O Brasil e o Rio de Janeiro podem aprender muito com outras experiências e escolher um caminho melhor para a realização da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016.

Extraído do síte da revista “Época”. Leia aqui.

Gracias, México!




A Seleção Brasileira jogou muito melhor na derrota por 1 a 0 para o México no primeiro tempo do que nos 90 minutos da vitória por 1 a 0 contra a Costa Rica.
Não que isso signifique muito, mas já é alguma coisa porque se em San José da Costa Rica a Seleção tirou, no máximo, uma nota 4, em Torreón foi para o intervalo com um 5,5.
A Seleção tomou um gol acidental, contra, de David Luiz aos 9 minutos e tomou conta da bola, com Hulk se destacando até ao dar de calcanhar para Neymar empatar e o menino santista desperdiçar surpreendentemente da marca do pênalti, aos 17.
Mas, também, foi a única oportunidade de gol criada pelo time amarelo.
Aliás, o melhor do jogo era o gramado mexicano.
No fim do primeiro tempo, com a bola nas mãos de Jefferson, Daniel Alves cometeu um pênalti burro e foi punido exageradamente com o segundo cartão amarelo, deixando a Seleção com 10.
Se o árbitro puniu a burrice, tudo bem, mas perigo de gol não havia.
Como não houve gol, porque Jefferson se adiantou e defendeu a cobrança de Guardado.
Mano Menezes tirou Lucas, apagado, e pôs Adriano para jogar na lateral de Daniel Alves.
Onze contra 10, os mexicanos voltaram mais agressivos, para confirmar a quarta vitória sobre os brasileiros em oito jogos neste século 21, duas derrotas e dois empates.
Aos 29, com o time brasileiro à beira de um ataque de nervos com a arbitragem, Chicharito Hernandez cabeceou à queima-roupa para ver um milagre de Jefferson.
Sem nem sequer ameaçar o gol mexicano, o time brasileiro cavava faltas se aproveitando da fragilidade do apitador.
E foi assim que, aos 33, Ronaldinho Gaúcho bateu falta cavada por Neymar para empatar o jogo.
Então, estranhamente, Hulk, o segundo melhor brasileiro em campo, saiu para entrar Jonas.
E, mais estranhamente ainda, pela passividade mexicana, o melhor brasileiro em campo, o lateral-esquerdo Marcelo, fez uma jogadaça pela esquerda combinada com Neymar e soltou uma bomba para estufar a rede mexicana.
A virada, com um a menos, empatava a estatística dos jogos neste século, três vitórias para cada lado.
Se o primeiro tempo mereceu nota 5,5 para os comandados de Mano Menezes, dá para aumentar um ponto no segundo, um 6,5 que permite dar 6,0 ao conjunto da obra, com destaque para Jefferson, duas defesas decisivas, Marcelo e Hulk.
Neymar, discreto, deu lugar a Elias aos 43, para tentar garantir o ótimo resultado.
E Hernanes entrou no lugar de Ronaldinho, para ganhar tempo, aos 48.
Com todo inegável progresso do futebol mexicano, desta vez o time nem jogou como nunca, apenas perdeu como sempre, ou, para ser justo, como, tradicionalmente, quase sempre.
O que, somado à surpreendente derrota da Argentina para a Venezuela por 1 a 0, nas Eliminatórias Sul-Americanas, permitirá aos imbecis ufanistas festejar a noite de 11 de outubro como histórica.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Visão da 28ª: Corinthians volta a liderar o Brasileirão, enquanto Mengão renasce após virada histórica em clássico. Já os times de Minas....



Uma falta de muito longe, Bottinelli cobra, a bola bate no travessão, no goleiro e entra. Um outro chute de fora da área minutos depois do mesmo Bottinelli. E a bola morre no canto direito. O Flamengo, pior em campo durante 85 minutos no Domingo, virou o jogo contra o Fluminense no pouco tempo em que foi melhor, os cinco minutos finais.

No Fla-Flu em Brasileiros mais importante deste século, o Rubro-Negro retornou de vez a luta pelo título. O Flu, que vinha de uma reação sensacional no segundo turno, cai para a sexta posição.

A vitória e a retomada rubro-negra assustam os rivais. Não há um amante do futebol que não saiba que, quando deixa, o Flamengo chegar, ele fica muito forte nos momentos decisivos. E já são três vitórias seguidas. A de ontem, mais do que especial.

A atuação do árbitro Felipe Gomes da Silva foi um caso a parte. Errou poucas vezes, mas o fim foi polêmico, com a contestada falta de Lanzini em Muralha que deu origem ao gol de empate do Fla e ao não marcar um pênalti para o Tricolor após a virada.


A vitória rubro-negra não atrapalha em nada a rodada perfeita para o Corinthians. Exceção do Flamengo, todos os outros rivais na briga pelo título perderam pontos. O Timão fez sua parte no Pacaembu - que para variar, teve o melhor público da rodada com quase 34 mim pagantes - ao vencer o Atlético-GO e retornou a liderança após período turbulento.

O ex-líder Vasco, agora vice-líder, perdeu de 3 a 0 e levou um vareio do Inter no Beira-Rio.
Não fosse pelo goleiro Fernando Prass, os cruzmaltinos teriam levado de cinco ou seis, também porque sofreram com as ausências de Dedé e de Juninho Pernambucano, embora o Colorado tenha sentido a ausência do artilheiro Leandro Damião.



A rigor, a maré corintiana começou a virar numa quarta-feira, quando, pressionado, o time enfrentou o São Paulo como azarão. Empatou em 0 a 0 e, a partir daí, entrou de volta nos trilhos. A maré do Fla começou a virar em um Sábado, com uma vitória suadíssima contra o América-MG. A partir daí, não perdeu mais.

O Corinthians retoma a liderança no momento em que Adriano volta aos campos e que tem pela frente a melhor tabela entre os candidatos ao título. A 28ª rodada termina com o Timão forte ao se analizar o panorama. Mas com um Flamengo renascido e fortalecido por uma vitória épica. São os grandes vencedores do Domingo e os times que, no momento, mostram estrela, cara e apetite de campeão.

Vale lembrar que pela 18ª vez em 28 rodadas, o Corinthians lidera.

Ao fim da 28ª rodada do Brasileirão, nona do returno, cheguei a algumas conclusões.

A primeira é que o melhor time do campeonato é o Internacional. Se conquistará o título é outra história. Quando vejo os jogos da equipe colorada fico satisfeito com o corpo que o time apresenta, jogadores que fazem tabelas em velocidade, um meio campo cerebral, boa defesa e, agora, com Dorival Júnior no banco. Infelizmente a reação dos colorados é tardia, porque gostaria que fossem campeões.

Corinthians, Vasco, Santos, São Paulo, Botafogo e Flamengo são arremedos de time porque jogam um futebol pragmático e covarde.

A segunda conclusão é muito doída e se concretizará nessas últimas nove rodadas: o rebaixamento provável do Atlético e o possível do Cruzeiro. Os times mineiros vivem um processo de apequenação, se me permitem o neologismo, desde o final dos anos 80 até os dias de hoje.

Ao cabo dessa análise concluo que nunca foi tão apropriado o apelido de Patético-MG ao Atlético-MG, realmente uma vergonha nacional. Uma pena porque a torcida do Galo é inigualável, embora, como todas as massas, descerebrada e manipulável.

Já o Cruzeiro é um clube ridículo, é o tudo que poderia ter sido e não foi, embora ache-se potência e teve até a audácia de se intitular “BARCELONA DAS AMÉRICAS”.

O descenso atleticano é quase certo, primeiro pelo péssimo futebol, segundo por que disputa uma vaga na Série A com o Cruzeiro, clube muito sortudo. Logo, o rebaixamento do Cruzeiro é possível, porém improvável.

Enquanto os dirigentes mineiros não se atualizarem, a tendência é de mais vexames, pricipalmente por parte do Atlético, que agora tem um aplicado aluno celeste. Enfim, dou-me por rebaixado, pois milagres não se repetem como o de 2010.

Resta esperar para saber se o clássico do rebaixamento, na última rodada, resultará na volta do Galo à Série B ou se em 2012 teremos uma Série B(H) com Atlético, Cruzeiro e América, em mais uma proeza do Cruzeiro, o Barcelona das Américas (só rindo).



domingo, 9 de outubro de 2011

A Copa do Mundo é realmente nossa?



Quando o Brasil conquistou o direito de realizar a Copa do Mundo-2014, surgiu a conversa da “Copa Privada”, sem aplicação do dinheiro do povo em estádio, apenas em infraestrutura para as cidades-sede. Balela oportunista para tentar iludir a sociedade em momento de euforia.

Dos 12 estádios escolhidos nas cidades determinadas pelo Comitê Organizador da Copa do Mundo, empresa privada comandada pelo Presidente da CBF e que atribuirá a si mesmo parte dos lucros obtidos com a realização  da Copa, nove para ser conservador – são públicos e sua reforma e/ou construção será bancada pelo povo.

A nova patacoada alardeada pelos organizadores para defender que não mentiram anos atrás, quando falaram que a Copa seria “privada”, é que, como os estádios públicos serão construídos pelo regime de Parceria Público-Privada (PPPs), demonstraria a supremacia do investimento privado.

Outra balela. A PPP é um regime no qual o privado pode, em determinados casos, apenas adiantar o investimento inicial, para reduzir a pressão sobre o caixa do governo. Mas, no final, o governo restitui com lucros para o privado, seja na forma de subsídios, seja concedendo direito de explorar as receitas advindas do serviço público prestado.

Ou seja, nós também pagamos a conta e é de impressionar que pessoas que pretendam tomar parte no Comitê sejam capazes de, em público e sem corar, apresentar argumentos que demonstram a completa ignorância sobre temas básicos para quem pretende gerir tal evento.

Portanto, o investimento para a Copa será prioritariamente público, algo como 95% dos cerca de R$ 30 bilhões para sua realização sairão do dinheiro que pagamos de impostos.

Nesse quadro, como admitir que uma empresa privada supranacional, como é a Fifa, com sua “subsidiária” no Brasil, como é o caso do COL, possam assumir o comando do processo, tomando, no lugar dos representantes legitimados pela escolha do povo, as principais decisões sobre a realização do evento?

O argumento de quem defende a intervenção da Fifa e do COL seria de que o Brasil teria “assumido esse compromisso” para receber a Copa. Ora, mais uma enorme bobagem!

Governo nenhum assumiu esse compromisso. E nem poderia. Porque nenhum governante tem poderes para assumir compromisso que limite a soberania do País, que ele mesmo jurara defender ao tomar posse em seu cargo, eleito pelo povo.

E se tivesse assumido esse compromisso absurdo, o mesmo não teria efeito, porque nossa Constituição Federal não permite que esse tipo de intervenção do privado sobre assuntos de interesse do Estado.

Não há outro caminho legal a seguir senão conferir a quem tem a legitimidade dada pelo nosso voto o poder para tomar as decisões sobre a Copa do Mundo no Brasil.

Ou seja, o Congresso nacional tem liberdade e autonomia para decidir sobre qual lei deverá  ser aplicada no Brasil para a Copa-2014.

Os deputados e senadores que nós elegemos através do voto, não têm, sequer, o direito de aprovar normas com o argumento absurdo de que “assumimos o compromisso de fazer tudo que a Fifa mandar”.

E os prefeitos, governadores e presidente da república devem seguir gerido a realização da Copa do Mundo tendo em mente que, o povo que pagará a conta da festa, é, afinal, o dono do evento, sem nunca perder de vista que o primeiro artigo da nossa Constituição é bastante claro ao definir que “todo poder emana do Povo, que o exerce por meio de representantes eleitos”.

Na rodada dos duelos contra os paulistas, cariocas levam a melhor, mas Corinthians é o que se dá melhor.


Na rodada dos confrontos entre paulistas e cariocas, no número de pontos conquistados um passeio: de nove, os times do Rio de janeiro conquistaram sete. São Paulo apenas um. Mas este um valeu muito. O Corinthians arrancou um empate do líder Vasco dentro de São Januário e mostrou estar novamente na mira do título.

Conclusão que se chega também ao olhar a tabela do Timão daqui para a frente, com dois jogos seguidos em casa, contra Botafogo e Atlético-GO. Enquanto isso, o Vasco jogará duas vezes como visitante, contra Internacional e Atlético-PR. O vento voltou a soprar favoravelmente no Parque São Jorge em momento chave do Brasileiro.

Outro resultado importantíssimo da rodada aconteceu no Morumbi. Contra o São Paulo que estreava Luís Fabiano e lotava o estádio, o Flamengo conseguiu uma vitória maiúscula por 2 a 1. Daquelas que dão moral e contrariam o discurso dos jogadores e de Luxemburgo até outro dia, o de que a luta era pela Libertadores. Depois de ontem, o Flamengo voltou a sonhar com o título. Afinal, engatou duas vitórias seguidas e diminuiu para seis pontos a distância para o primeiro colocado.


Sábado, outra vitória maiúscula de um carioca contra um paulista. No jogo mais intenso da rodada, o Fluminense venceu o Santos por 3 a 2 com direito a gol da vitória no fim e entrou de vez na briga por uma vaga na Libertadores. Domingo tem Fla-Flu, em jogo que vale por ora a briga pelo G%. Um pecado ( para não dizer um absurdo descaso da CBF) que os dois times estarão desfalcados pela Seleção da CBF.




O Botafogo entrou em campo às 18h sabendo que pontos importantes foram perdidos por quem está na briga pelo título, casos de São Paulo e Vasco. Mas não aproveitou. Foi presa fácil para o Atlético-GO e estacionou na quarta posição. Menos mal, que tem um jogo a menos.



A 27ª rodada do Brasileirão termina com esperanças renovadas para Flamengo, Fluminense e Corinthians. Sinal de atenção aceso para Vasco. E enorme decepção para São Paulo e Botafogo.

De assustador mesmo apenas o que acontece com os grandes de Minas: o Galo só empatou com o Ceará apesar de o time nordestino ter ficado reduzido a nove jogadores e permaneceu na zona de rebaixamento, ao passo que o Cruzeiro, sem nenhuma vitória neste segundo turno, perdeu de novo, agora para o Grêmio, e está a apenas dois pontos da zona de rebaixamento.