sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Comemorar o quê?

Mil dias. estamos a mil dias da abertura da Copa do Mundo. Festa em belo Horizonte, cavalgada em Porto alegre, comemorações por todo o país, o Ministro Orlando Silva sendo muito otimista na TV... Mas será mesmo que temos o que festejar?

Quando recebemos a notícia de que a Copa seria no Brasil, tínhamos 2.416 dias para preparar tudo. Hoje, menos da metade do tempo. Em cinco aeroportos, as obras sequer começaram. No Maracanã e no Mineirão, os operários estão de braços cruzados, exigindo melhores condições de trabalho. Sabem que o calendário é um aliado e que, cada dia perdido aumenta o poder de barganha. Mobilidade urbana, transportes, rede horteleira, projetos sócio-ambientais, pessoas sendo desalojadas de suas casas? Disso nem se ouve falar.

O ministério do Turismo, que deveria estar alinhado com o do Esporte no planejamento e execução do projeto Copa-2014, tenta apagar o incêndio provocado  pela sequência de escândalos envolvendo o ex-titular da pasta, Pedro Novais. O ministro do esporte, que até agora tentava manter as aparências, já admite a preocupação com o ritmo das obras, não apenas em estádios, mas também - e principalmente - nas cidades que pleitearam e conquistaram o direito de sediar jogos.

Nada que nos surpreenda, é verdade. Recentemente, o Congresso aprovou o Regime Diferenciado de Contratações (RDC), com o objetivo de acelerar o andamento das obras. Em outras palavras: o governo já admite pagar o que for preciso para evitar um vexame maior. Por "o que for preciso", você pode entender contratações sem licitação, por valores exorbitantes e tudo o que uma gestão responsável condena.

Não tenho dúvidas de que a abertura da Copa acontecerá no dia, horário e local determinados. Não tenho dúvida de que o Itaquerão, ou Fielzão, ou Orlandão, ou o nome que quiserem dar nesse estádio particular construido com o dinheiro público, estará pronto, lotado de eufóricos torcedores, ensiosos pela estréia da Seleção Ceebefiana. O problema é quanto teremos que pagar a mais por isso. aquilo que os economistas, com muita propriedade, costumam chamar de "custo-Brasil".

Eu prefiro chamar de custo-incopetência, custo-irresponsabilidade, ou também, custo-maracutaia. Mas quem vai se lembrar disso depois que Neymar fizer o primeiro gol da Seleção do Ricardo Teixeira, numa vitória sofrida sobre uma seleção mais modesta na abertura do Mundial? salve, então, a Copa do Mundo! Vamos todos comemorar.... Afinal, falta mil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário