sábado, 30 de julho de 2011

Você ainda se preocupa quando jogador do seu time vai ao tribunal?

Como se sabe, Thiago Neves, Ronaldinho Gaúcho e Kleber não sofreram punição. Os dois rubro-negros e o palmeirense foram levados ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva por razões estranhas, ou melhor, esdrúxulas. Era óbvio que nada aconteceria.

Apenas Thiago Neves esteve presente ao julgamento e ouviu pérolas dos auditores. O auditor Washington Oliveira declarou  que "a denúncia não serve necessáriamente para punir os denunciados, mas para discutir questões importantes". Já a presidente da comissão, Renata Quadros, disse ao meia do Flamengo: "Tenho vontade de te punir pelo que você falou, mas me falta amparo legal".

Que comédia! Só faltou a lona para o circo!

Por essas e outras, ao dedicar seu tempo a questões menores, desnecessárias, o STJD perde credibilidade e em alguns casos não preocupa o torcedor. Você ainda se assusta quando o jogador do seu time vai ao tribunal?

Bobos somos nós.

Em vez daquela coisa ridícula que são as faixas “Fima Eu (sic)” nos estádios, por que não enchê-los de cartazes pedindo uma Copa e uma Olimpíada limpas? Sem superfaturamento, sem corrupção, sem nomeação de parentes e amigos nos comitês organizadores? Por que não protestar pacificamente nos estádios e em seus arredores? E nos ginásios também, sempre que possível? É uma forma de o povo mostrar que não é bobo.

Depois do confisco do Collor e dos descalabros de sua administração não tomamos providências? Por que agora vamos ficar quietos quando nosso dinheiro está em jogo de novo e corremos o risco de ver os gastos abusivos e a falta de um legado do Pan-2007 se repetir tanto na Copa quanto na Olimpíada de 2016?

Os jogadores de futebol, muitos deles, felizmente não todos, têm comemorado gols daquela forma bizarra que é imitar o boneco João-bobo, João Sorrisão, seja lá o que for. Perdem a espontaneidade, até isso tentam tirar do nosso futebol. E estão conseguindo. Que a torcida não faça a mesma coisa e mostre que é formada por cidadãos. Se não os dirigentes e políticos vão continuar achando que bobos somos nós. E talvez sejamos mesmo.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ricardo Teixeira recusa entrevista e chama jornalistas ingleses de corruptos!

Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa de 2014, recusou, na tarde desta sexta-feira, na Marina da Glória, uma entrevista a Charles Sale, repórter do jornal Daily Mail, após dizer que os ''ingleses são corruptos''.

Sale, acompanhado de outros repórter ingleses, pediu para entrevistar Teixeira, enquanto o mesmo caminhava pelas instalações da Marina da Glória, local que receberá neste sábado, o sorteio das Eliminatórias da Copa de 2014. O presidente da CBF e do COL perguntou qual era a sua nacionalidade e após a resposta do jornalista, que é inglês, não titubeou:

- Vocês são corruptos.

Após o ocorrido, Sale foi repreendido por Rodrigo Paiva, diretor de comunicação da CBF.

- Você tem de ser mais educado - disse Paiva.

O jornalista inglês, não demonstrou nenhum abatimento. Ao contrário, sem polemizar, Sale demonstrou a famosa frieza britânica:

- Pessoalmente, acho que ele não está nem um pouco preparado para o cargo de direção que ele ocupa na copa do Mundo de 2014. Os brasileiros não estão em boas mãos - disse Sale.

Vale lembrar que a relação de Teixeira com a imprensa inglesa é marcada por troca de acusações. Foram os jornais ingleses que acusaram o presidente da CBF e do COL de participar de esquemas de corrupção para as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022.

Além dos jornais, a BBC, rede britânica de televisão, acusou Teixeira de participar, ao lado de João Havelange, ex-presidente da Fifa, do recebimento de propina da ISL, antiga parceira de marketing da entidade máxima do futebol.

Em recente entrevista à revista Piauí, Teixeira prometeu: "Eu vou infernizar a vida deles (ingleses). Enquanto eu estiver na CBF, na Fifa, onde for, eles não entram".

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Salve o futebol. Ele voltou!

Enfim, o futebol voltou. Não é todo dia que você tem um 5 a 4, como o da vitória do Flamengo sobre o Santos, pelo Campeonato Brasileiro, ou um 4 a 3, no triunfo do São Paulo sobre o Coritiba. Não é sempre que temos um Ronaldinho Gaúcho jogando como nos tempos do Barcelona, e Neymar fazendo gol de Pelé.

Estou muito satisfeito, porque a gente gosta de futebol em função disso, para ver coisas como essas. Foi um grande jogo, que nos enche de orgulho, e quem assistiu pode se sentir um privilegiado. Entretanto, como em toda grande partida, há, também, as falhas.

O jogo da Vila Belmiro foi épico, histórico, inesquecível. E se você tiver outro termo superlativo para classificar a espetacular vitória do Flamengo, pode usar. O jogo merece.

O terceiro do Santos, de Neymar, foi um autêntico gol de Pelé. E o gol de falta de Ronaldinho é desses lances que fazem a gente sorrir.

O jogo foi tão bom que o Ronaldinho Gaúcho “do Barcelona” apareceu na Vila, comandando a reação do Rubro-negro. Que saudade e que bom revê-lo.

Só uma nota aqui. Acontece de vez em quando e é emocionante, eu sei. Mas nenhum time de futebol profissional pode perder um jogo em que esteve vencendo por 3 x 0. Nenhum.

E o Elano? Depois do que aconteceu na Copa América, Elano não tinha direito de colocar tanta auto-confiança na cobrança do penal. Deu cavadinha e não enganou Felipe. O goleiro defendeu, fez embaixadinha com a bola e protagonizou outra imagem histórica para o jogo. Se tivesse convertido o penalti, talvés o jogo teria outro placar.

E no Paraná, o São Paulo impôs a primeira derrota em casa ao time titular do Coritiba na temporada.

Jogo maluco. O Coritiba pressionou, pressionou… e levou um gol. Pressionou, pressionou… e levou o segundo. Pressionou, pressionou… e levou o terceiro. Perdeu um jogador, levou o quarto e depois… fez 3 gols. O futebol é um jogo sarcástico.

O terceiro gol do São Paulo talvez seja o mais bonito do ano no Brasil (fora o gol que Neymar fez ontem, que é “fora de categoria”).

Mais uma nota nesse jogo: Então quer dizer Carpegiane, que Rivaldo não pode jogar no time do São Paulo? Por favor…

Salve o futebol, ele está de volta!

Ah, vou falar também do jogo do Verdão. Jogo transformador no Orlando Scarpelli. Primeira vitória fora de casa do Palmeiras  no campeonato. E primeira derrota em casa do Figueirense.

Felipão, sobre o julgamento de Kléber por causa do “fair play”, no STJD: “Não vou dizer o que acho, porque senão eu que serei julgado”. Para mim, esse foi o melhor lance da partida....Hehehehehe.

#ForaRicardoTeixeira: Chega ao fim o "MegaTwittaço" Mas campanha ainda não acabou!!!

Milhares de pessoas se uniram por 24 horas no Twitter para pedir a saída de Ricardo Teixeira do comando da CBF, através do “MegaTwittaço” com a hashtag #ForaRicardoTeixeira.

A campanha criada por um grupo de anônimos contrários ao mandatário do futebol brasileiro – que também mantém o site www.foraricardoteixeira.com.br – chegou perto da meta de 100 mil adeptos: a contagem estava por volta dos 88 mil às 0h desta quinta-feira. Desses, mais de 30 mil usaram o microblog como veículo desde a meia-noite desta quarta-feira, quando o "MegaTwittaço” foi lançado na grande rede.

Nem o fato de a hashtag original #ForaRicardoTeixeira, que  apareceu entre os Trending Topics mundiais (assuntos mais comentados) durante a madrugada, ter sido tirada misteriosamente da lista, tirou o ânimo dos participantes da campanha.

A solução foi achar um “plano B” e criar três novos conjuntos de palavras para o manifesto: #foraoficial, #caiforaricardoteixeira e #adeusrt. O terceiro deles chegou a figurar entre os assuntos mais tuitados do planeta, enquanto a liderança dos dois primeiros inicialmente foi no âmbito nacional, principalmente em São Paulo, primeira das duas cidades que têm o fluxo de tuítes medido pelo microblog (a outra é o Rio).

Mas o jogo virou. A #caiforaricardoteixeira caiu no gosto do internauta e passou a ser a hashtag mais publicada do Brasil durante várias horas.

Para se ter um noção do volume da mobilização, o site oficial da campanha registrou um “boom” de aproximadamente três mil tuítes só na primeira meia hora.

A repercussão aconteceu até do outro lado do Atlântico, já que durante a madrugada #foraricardoteixeira esteve no topo dos Trending Topics em Portugal.

Os organizadores da campanha #foraricardoteixeira encontraram no caminho um obstáculo que não estava previsto. Tudo porque a hashtag original do protesto foi identificada pelo serviço de monitoramento automático do Twitter como um Spam, o que causou a retirada súbita do termo da liderança dos assuntos mais comentados do microblog, ainda no início da madrugada, poucas horas após o pontapé inicial do “MegaTwittaço”.

Segundo o argumento do sistema de ajuda do Twitter, o bloqueio aconteceu devido ao grande número de mensagens #foraricardoteixeira e a repetição da hashtag nas mensagens dos usuários da ferramenta, assim como os seguidos retuítes. Mas o site oficial da campanha continuou computando a tag original.

A primeira iniciativa dos manifestantes contra Ricardo Teixeira foi passar a publicar a mensagem #foraricardoteixeira junto com outra frase. Mas a tática não funcionou e a solução foi criar as novas hashtags que não passaram pela ‘censura’: #adeusrt, #caiforaricardoteixeira e #foraoficial, promovidas pela conta oficial do movimento.

São Paulo sofre pane e quase deixa escapar vitória em jogo cheio de erros contra o Coritiba

O Coritiba começou abafando o time do São Paulo e conseguiu acertar a trave com Rafinha ainda no primeiro minuto de jogo.

Mas a história no Couto Pereira (23.825 pagantes) seria muito mais complexa.

Porque o São Paulo foi de uma precisão incrível e, em quatro finalizações que teve na primeira etapa, marcou três golaços em 13 minutos.

O primeiro, aos 17, foi de Carlinhos Paraíba, que acertou um belo chute de fora da área, no ângulo e sem chances.

Seis minutos depois, Rhodolfo lançou do campo de defesa, a bola quicou e Juan tocou por cobertura.

Aos 30 uma triangulação de tirar o fôlego que começou com Rivaldo, foi para Lucas que serviu Dagoberto para chutar na saída de Édson Bastos e fazer 3 a 0.

E o Coritiba ficou com um a menos porque Davi fez falta em Juan, recebeu o cartão amarelo, jogou a bola no chão reclamando e acabou levando o vermelho de graça.

Na volta do intervalo Adilson tirou Juan, amarelado, para colocar Cícero, enquanto o Coritiba voltou com Maranhão e Anderson Aquino nos lugares de Gil e Marco Aurélio.

Os donos da casa tentavam voltar para o jogo, mas, aos 9 minutos, Eltinho saiu errado e deu a bola nos pés de Lucas que olhou a posição de Édson Bastos e fez mais um belo gol por cobertura.

Nem bem o segundo tempo tinha começado e a fatura já estava liquidada. A torcida tricolor cantava mais alto que a alviverde e o São Paulo já pensava em gastar o tempo e curtir a goleada.

Talvez cedo demais.

Rafinha, aos 22, diminuiu para o Coxa que se irritava cada vez que o time paulista, já apresentando diversas falhas, tentava segurar a bola.

Então, aos 29, Bill fez o segundo dos donos da casa.

A história da Vila Belmiro se repetiria no Couto Pereira?

Bom, Bill fez a parte dele e tacou gasolina na fogueira com mais um gol, aos 42 minutos. Um 4 a 3 inacreditável.

Rafinha foi pra cima de Denilson que fez falta, recebeu amarelo, reclamou e foi expulso. Que jogo. Que noite.

Jogo aberto, chance do Coritiba, resposta do São Paulo, nova chance alviverde até que, para a alegria dos paulistas, o final feliz foi tricolor.

Vitória "inédita" do Verdão!!!!

Por mais que eu diga que no jogo entre Figueirense e Palmeiras teve oportunidades para ambos os lados, a partida do Orlando Scarpelli dificilmente ganharia atenção na briga com a concorrência do horário.

Kléber até tentou chamar a atenção quando quase abriu o placar no início do jogo ao aproveitar a bobeada da defesa e tocar na saída de Wilson, que conseguiu desviar o suficiente para a bola tirar tinta da trave.

Mais tarde Thiago Heleno acertou a trave e o Figueirense respondeu com Aloísio dando trabalho para o goleiro Deola, substituto do poupado São Marcos.

A partir daí, quando os outros placares da noite já estavam cheios de números, o primeiro tempo ficou mais travado no meio de campo e perdeu ritmo.

E as redes, que não paravam de balançar em Santos e Curitiba, seguiam estáticas em Florianópolis.

Ela pode até ter sentido o vento da cobrança de falta de Elias, que passou perto, ou ter tremido junto com a trave que parou o forte chute de Maikon Leite.

O 0 a 0 parecia inevitável quando, aos 38, Marcos Assunção cobrou falta, Wilson espalmou e acertou Mauricio Ramos que nem teve trabalho para fazer 1 a 0 Palmeiras. Placar final.

Espero que o Verdão tenha uma nova fase, de vitórias fora de casa como essa.

S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L! Vitória épica do Mengão!!!

O Santos finalmente estreou no Brasileirão.

Logo aos 4 minutos a invencibilidade rubro-negra começou a ruir. Só começou, como se verá.

Depois de bela troca de bola, Elano achou Borges pelo meio e livrinho da silva para abrir o placar.

É claro que Flamengo é Flamengo e que o time foi à luta com Ronaldinho quase empatando em seguida, em duas falhas de Pará.

Mas talento é talento e na bobeada de Renato Abreu, nem Elano, nem Ganso, nem Neymar e nem Borges falharam para ampliar para 2 a 0.

Contra o Santos completo é assim: errou, dançou.

No Flamengo é diferente: quem erra e dança é o Deivid, que perdeu de esquerda e de direita, no mesmo lance, embaixo do travessão, o gol que reporia o rubro-negro no jogo.

O jogo não era bom, era ótimo.

Porque o Mengo, mesmo como coadjuvante, jogava bem como poucas vezes neste ano.

Mas o ator principal estava em noite de gala e Neymar, discreto até então, resolveu fazer uma obra prima no belo gramado da Vila Belmiro (12.968 pagantes) e, aos 25, fez fila na defesa rival para assinar um pintura do gol.

Quem fará a placa?

Mas não era justo com o Flamengo que havia finalizado as mesmas cinco vezes que o Santos e, em seguida, Luís Antonio, cruzou pela direita, Rafael tocou mal na bola, tirou Edu Dracena da jogada e a bola sobrou livre para Ronaldinho diminuir.

Tinha jogo!

E em seguida ficou provado, quando novo cruzamento pela direita permitiu que Thiago Neves aparecesse como elemento surpresa para fazer 2 a 3, aos 31 minutos!

O jogo era franco e limpo e parecia um Santos e Flamengo nos anos 60.

Verdade seja dita, os cariocas jogavam até melhor, apenas eram um pouco menos eficazes.

E foram prejudicados aos 39 quando um impedimento mal marcado impediu o 3 a 3.

Em seguida, um pênalti à brasileira sobre Neymar que Elano achou de cobrar com cavadinha, para mostrar que sabe bater.

Felipe não só pegou com ainda fez embaixadinha.

E o castigo veio a cavalo, com Deivid que cavou um escanteio com falta e desviou para deixar tudo igual no placar.

Quando acabou o primeiro tempo uma pergunta pairava no ar: onde este jogo, o melhor da temporada, iria parar?

Neymar começou a responder, aos 5, ao fazer mais um golaço e desempatar.

Mas o Flamengo nem ligou e seguiu na luta, buscando o empate, que só não saiu porque o árbitro não deu pênalti em Ronaldinho, que jogava muito, demais mesmo.

E ao sofrer falta na entrada da área ele tratou de bater genialmente, por baixo da barreira, para fazer 0 4 a 4.

O Flamengo deixara de ser coadjuvante no espetáculo e fazia por merecer a vitória porque jogava mais que o dono da casa.

Os técnicos duelavam nos bancos, mas, com licença, senhoras e senhores, os artistas estavam em campo.

E foi um deles, Ronaldinho Gaúcho, que em belo contra-ataque, fez o novo gol do jogo, o único que punha o Flamengo na frente do jogo, mas aquele que realmente importava, porque o da vitória que, além de justa, foi épica, histórica mesmo, vitória de hexacampeão brasileiro.

Certo mesmo estava este blogueiro, que nunca perderia um jogo como esse por jogo por nada neste mundo.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Argentina dá uma de Brasil do passado

Há anos a campanha da bebida Orloff fez o maior sucesso. O slogan era "Eu sou você amanhã". E com o tempo passou a designar curiosa onda de coincidências (ruins) que ocorriam na Argentina e irradiavam no Brasil. Após a reunião da segunda-feira passada na AFA (a CBF argentina) ocorreu o efeito inverso. "Eu sou você ontem". Numa canetada decidiu-se que o campeonato nacional passará de 20 para 40 clubes. Bem estilo Brasileirão dos anos 70 e 80, quando interesses políticos chegaram fazer a competição brazuca ter mais de 90 concorrentes.

Pura política. Pegaram o rebaixamento de um dos dois gigantes e usaram como alicerce para uma virada de mesa...Monumental! Foi bom para Julio Grondona (o Ricardo Teixeira argentino que está na presidência desde 1979), que terá uma eleição pela frente em poucas semanas. Foi bom para os clubes daSegundona, que vão ganhar não duas ou três vagas, e sim, 16. Foi bom para os da Terceirona, pois campeão e vice vão pular direto para a elite. Foi bom para os da elite que estão com médias ruins e podem cair (o Boca Juniors está nessa). Com uma moleza dessas quase todos votaram a favor.

Mas foi ruim para o futebol. Infelizmente, não dá para imaginar muito sucesso nesta formula. quando tudo indicava que a Argentina trabalharia com pontos corridos - uma questão de ajuste, já que Apertura e Clausura são, na verdade, turno e returno, mas que dá status de campeão nacional aos dois vencedores - vem esse esquema de dois grupos numa primeira fase que quase não vale nada (metade avança para afase que vale) e que será deficitária na grande maioria das rodadas. Uma fórmula que não se sustentará por muito tempo.

Pelo visto, uma máxima do barão de Itararé vale para essa decisão. "De onde menos se espera, daí é que não sai nada".

Revoltado? Então corra para o Twitter! Hoje é dia do Megatwittaço #foraricardoteixeira

Ir às ruas para protestar e lutar por seus direitos já derrubou presidente no Brasil, mas está virando coisa do passado. O negócio agora é soltar o verbo no Twitter e criar expressões que demonstrem revolta coletiva. Ninguém faz panelaço, nem pinta o rosto. É só digitar e desabafar.

O alvo da vez dos piquetes virtuais é Ricardo Teixeira e suas asquerosas declarações à revista "Piauí" -aquela em que ele diz "cagar de montão" para as denúncias sobre ele que saem na imprensa.

Um site ( www.foraricardoteixeira.com.br/megatwittaco/ ) convoca a todos para um protesto de 24 horas, começou hoje às 0 horas e vai durar 24 horas. em que os usuários do Twitter devem publicar a tag #FORARICARDOTEIXEIRA. É o Megatwittaço.

O mundo muda, as formas de se expressar, também. Apenas uma coisa deve seguir inalterada pelo tempo: a capacidade do ser humano de se indignar. Seja nas ruas ou com o teclado nas mãos, é hora de reagir.

Pelé vira estrela de propaganda na TV para ofuscar Ricardo Teixeira

Pelé será a estrela de uma campanha promovida pelo Governo Federal na TV. Trata-se de sua primeira ação como embaixador da Copa de 2014, empossado por Dilma Rousseff. O comercial inicial já foi gravado e deverá ir ao ar no próximo sábado.

Na propaganda de abertura, o ex-atleta exalta o interesse dos brasileiros pelo Mundial. A ideia é mostrar que a Copa não é da Fifa, da CBF ou do governo. É dos brasileiros. Percepção que não temos nas ruas.

Governantes, empresários e cartolas, por motivos óbvios, estão muito mais animados do que a população.

Pelé gravará mais três comerciais de TV. De acordo com o Ministério do Esporte, ele não será remunerado para exercer a função de embaixador.

A ação de marketing parece desenhada para tentar convencer o país de que Ricardo Teixeira não é o dono da Copa. E para estancar a crescente rejeição ao Mundial entre os pagadores de impostos.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Novo estádio na Itália custa um terço da reforma do Maracanã e menos que a metade do estádio do Corinthians

Eu venho publicando há algum tempo aqui sobre as absurdas, exageradas e caras obras da Copa do Mundo no Brasil.

Absurdas como o Maracanã, o estádio estuprado. O Maracanã não existe mais. Estuprado pelas exigências da Fifa somadas à subserviência de governantes e cartolas, foi internamente destruído. Novas arquibancadas, cadeiras e (muitos) camarotes ocuparão os lugares onde durante décadas o povo vibrou com o futebol. Descaracterizado, cada vez com menos lugares populares e, evidentemente, caro, caríssimo, o templo do futebol brasileiro, cartão-postal do Rio de Janeiro, não existe mais. Ali vai surgir mais uma "arena" asséptica com a grife Fifa, essa entidade cujos dirigentes desfilaram pelos jornais envolvidos em escândalos nos últimos meses. Agora criaram um espaço de onde é possível ver o estado atual do velho templo. Algo mórbido, macabro até. Sabe quanto vai custar o Maracanã? As contas já batem a casa de R$ 1,1 bilhão.

E o estádio de São Paulo, o Itaqueirão (também chamado de Isentão, Indecentão, Imoralzão), uma espécie de "particular-público", pelo menos no que se refere à sua construção? Já se falou em R$ 890 milhões ou mais. Difícil calcular em meio a tantas isenções. Isso porque a prefeitura e o governo estadual disse que não teria dinheiro público  em estádio. A única certeza aqui é que palavra de político tem o mesmo valor que uma nota de 3 reais.

Mas na Itália o delle Alpi, em Turim, tinha 69.041 lugares quando erguido para a Copa do Mundo de 1990. Demolido, está em fase final de reconstrução como nova casa da Juventus, que comprou a área. Custará R$ 386 milhões.

Com arquibancadas muito mais próximas do campo, o novo Delle Alpi terá 42.500 lugares para receber a maior torcida da Itália. Com oito restaurantes, dezenas de bares, lojas e 4 mil vagas de estacionamento, será um dos mais modernos da Europa e certamente o melhor entre os italianos, que convivem com estádios superados. Sim, é uma obra particular.

E você, ainda não se convenceu de que a Copa do Mundo no Brasil está repleta de obras caras demais?

Santos paga o preço pelo apoio de LAOR ao presidente da CBF. Muricy e Mano, corretos, apenas fazem o trabalho deles.

As convocações para as seleções brasileira estão atrapalhando o Santos no Brasileirão.

O Peixe foi o maior prejudicado por elas. O São Paulo vem logo em seguida.

Sou radical num ponto: treinador de seleção sub qualquer coisa deveria ser proibido de chamar atletas que disputam a primeira divisão.

É um absurdo o jogador abandonar o principal campeonato nacional para participar do mundial sub20, por exemplo.

Os boleiros, em regra, preferem ir. Os times europeus ficam de olho na competição.

É mais simples e rápido arrumarem uma vaga no exterior em tais torneios.

Já as polêmicas sobre convocações para a seleção principal são diferentes.

Muricy Ramalho reclamou com razão delas.

Ele é pago pelo Santos, tem obrigação de brigar pelo melhor para o clube, e cumpriu o dever.

Mano Menezes recebe salário para fazer o mesmo pela seleção brasileira.

Como a necessidade de Ganso e Neymar se acostumarem com a camisa verde e amarela ficou clara na Copa América e isso é fundamental para o Brasil chegar forte ao Mundial em 2014,  o treinador tinha obrigação de convocar os dois.

Errada está, em primeiro lugar, a administração da CBF.

Não deveria ter rodada quando a seleção joga. A exceção seriam as convocações apenas de atletas do exterior.

A CBF tem obrigação de defender o a seleção e os clubes brasileiras.

Os outros responsáveis são os cartolas que apoiam Ricardo Teixeira e aceitam isso.

Entre eles, por exemplo, LAOR, presidente do próprio Santos Futebol Clube.

O que Muricy pode fazer?

Já deve ter a liberação da dupla quando começar a preparação para o Mundial de Clubes.

E a CBF adiou jogos do brasileirão por solidariedade.

O problema será o acúmulo deles que aumenta a possibilidade de lesões perto do torneio internacional, sem dúvida bem mais importante que o da CBF.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Amy Winehouse e a Seleção Brasileira

Anteontem foi encontrado em seu flat londrino o corpo da cantora Amy Winehouse, tida como a grande voz da moderna “soul music” e conhecida também por sua dependência e abuso de álcool e drogas pesadas.

Apesar de muita gente se dizer chocada era algo previsível, que poderia acontecer mais dia menos dia, porque, com apenas 27 anos de idade, todos sabiam que Amy vinha traçando seu caminho de destruição há pelo menos cinco anos.

Lidar com fama, sucesso, muito dinheiro e falsos amigos não é fácil. Com a imprensa e o público tampouco. Porque eles sugam o máximo de quem está em evidência. Invadem sua privacidade, ao mesmo tempo amam e odeiam quem está no topo e no fundo querem vê-lo lá embaixo, como todo “simples” mortal. Uma relação sadomasoquista. Parece mais fácil vibrar com a tragédia do que com o sucesso alheio.

E Amy mostrou não ter estrutura emocional interna para aguentar tudo isso. Poucos têm.

No futebol é a mesma coisa. A discussão, agora, é sobre a falta de maturidade e equilíbrio emocional para vestir a camisa da seleção de novatos como Neymar, Ganso e Pato.

A discussão está desfocada. Não é porque perderam a Copa América que não têm maturidade nem equilíbrio emocional. Os dois últimos fizeram um torneio melhor do que a maioria de seus companheiros.

 Melhor do que a do experiente goleiro Júlio César, por exemplo, que falhou mais de uma vez.
Eles não são os maiores responsáveis pelo que aconteceu na Argentina. O que vimos é que o Brasil ainda é uma colcha de retalhos, ao contrário do Uruguai, um time aplicado e responsável que vem sendo formado desde 2006.

Com os jogadores podem acontecer coisas parecidas com as que ocorreram com Amy. Não que irão cair no mundo das drogas e do álcool, embora alguns caiam, sim, se não agora, quando encerram a carreira e acabam no ostracismo. Mas têm de tomar cuidado com assessores, aproveitadores de plantão e a imprensa, que um dia irá chamá-los de reis, mas no seguinte os atacará até não poder mais. Porque a mídia é parte da sociedade e a sociedade é assim. A mídia, como a sociedade, é moralista e não perdoa.

Dilma pede dossiês

A presidente Dilma Rousseff pediu à pasta de Esporte e a outros ministérios encarregados da Copa de 2014 um dossiê completo sobre a situação atual e o que deve e pode ser feito nos próximos três anos para o Brasil não fazer feio na organização do Mundial.

Ela não anda nada satisfeita com o trabalho desenvolvido até aqui e está assustada com o aumento do orçamento dos estádios e da reforma dos aeroportos. Quer explicação sobre o que está ocorrendo, inclusive, portanto, por parte da Infraero. Teme que possíveis denúncias de corrupção e superfaturamento de obras e serviços comprometa ainda mais a imagem do país e da Copa, que caminha mal.

Dilma não está convencida das explicações de Orlando Silva Jr., ministro do Esporte, que tem justificado o aumento no preço dos estádios por conta da valorização do real e da inflação. Quer um dossiê também sobre a situação de cada um dos aeroportos, já que Cumbica, o maior do país, está com obras paradas. E Congonhas e Santos Dumont, congestionados.

Também não anda feliz com Ricardo Teixeira, que preside o comitê que organiza a Copa. Diz que não vai intervir na CBF, que é uma entidade privada, mas quer saber como estão sendo feitos os gastos e formadas as parcerias para viabilizar o Mundial no Brasil.

No levantamento que pediu ao Ministério do Esporte estão incluídos outros itens que não são, necessariamente, relacionados ao evento. Ela quer saber quais os maiores favorecidos por leis de incentivo fiscal ao esporte e em quantas anda o patrocínio de estatais a esportes olímpicos e a clubes de futebol. Sinal de que o COB e os Jogos de 2016 também estão na mira de Dilma. Pois o COB, ao contrário da CBF, vive com verba estatal. E está sempre pedindo mais.

Dilma quer saber quanto de dinheiro público vai para o COB, quanto vai para cada confederação olímpica, quanto vai para os clubes de futebol e os sociais também.

São Paulo Futebol Clube e Esporte Clube Pinheiros seriam dois dos que estão usando as leis de incentivo para investir nas categorias de base, caso do primeiro, que as usou para construir seu CT em Cotia, e em esportes e atletas de elite, caso do segundo.

A intenção das leis de incentivo ao esporte não seriam bem essas, quando foram criadas… A ideia era favorecer os “menores”, mas, como acontece no cinema, os mais fortes acabam sendo beneficiados, mamando na teta da União e das estatais.

A situação é tão absurda que o Santos não é o único clube que quer ajuda do governo para manter jogadores no Brasil, caso de Ganso e Neymar. E isso, para Dilma, não é responsabilidade muito menos prioridade de seu governo. E não deve ser mesmo. Manter jogadores é responsabilidade dos clubes, não de estatais.

Minhas notas para os escolhidos de Mano

GOLEIROS:
Julio Cesar, nota 6. Só falta chegar a Copa de 14 e ele continuar na Seleção;
Victor, nota 6,5. Ou pode ou não pode jogar na Seleção. Mas para isso tem de ser usado;

LATERAIS:
Daniel Alves, nota 6,5. Se não jogar como no Barcelona, não tem chance com Maicon;
Maicon, nota 7,5. Vigor e categoria a serviço da Seleção;
André Santos, nota 5. Sem dúvida, apóia bem. Mas só. E não tem responsabilidade para jogar na Seleção;
Aqui, uma ausência injustificável e que revela um lado nada generoso de Mano Menezes: Marcelo, ex-Flu, é disparado o melhor. Fez bobagem? Fez. Pena de morte?
Acho que também o Cicinho, lateral direito do Palmeiras, merecia uma chance.

ZAGUEIROS:
Lúcio, nota 6. Como o goleiro Júlio César.
Thiago Silva, nota 7. Deve fazer a dupla titular com David Luiz e o quanto antes melhor;
David Luiz, nota 7. Deve fazer a dupla titular com Thiago Silva e o quanto antes melhor;
Dedé (Vasco), nota 7. Boa aposta!

VOLANTES:
Lucas Leiva, nota 6,5. Não faz o estilo do volante que vai além da marcação;
Ramires, nota 5,5. Muito longe do que joga em clube.
Elias, nota 6. É outro que precisa jogar para ser avaliado.
Ralf , nota 7. Boa aposta!
Luiz Gustavo, sem nota. Mano Menezes há de saber por que o chamou.
Aqui outra ausência preocupante, se revelar idiossincrasias do técnico. OK, Elano virou o fio, precisa descansar. Mas e Hernanes? E Arouca?

MEIAS:
Paulo Henrique Ganso, nota 7,5. Será dono do time, em breve.
Lucas, nota 7. Vai longe.
Fernandinho, sem nota. Mesmo caso de Luiz Gustavo.
Renato Augusto, nota 5. Jogador ameba, como Thiago Neves e outros do gênero. Nenhenhém.

ATACANTES:
Neymar, nota 7. Tomara que amadureça logo, corte o cabelo, essas coisas…
Alexandre Pato, nota 7. Deve ir longe.
Robinho, nota 5. Não fará mais do que já fez. Para que insistir?
Fred, nota 5. Como Robinho, infelizmente.
Jonas, nota 6. Vale tentar de novo.
Aqui uma nota: acho que quando o Luis fabiano se recuperar, será o camisa 9 da Seleção.

A nota da convocação é 6.0.

Com o dinheiro do povo

Mesmo que a abertura da Copa do Mundo de 2014 não aconteça no estádio do Corinthians, o time paulista já está no lucro. E que lucro! Uma arena novinha em folha, totalmente financiada com dinheiro público, parte emprestada, parte dada. Desde já, é o primeiro dono de um belo legado da Copa.

O Corinthians tinha um terreno em Itaquera – doado pela Prefeitura de São Paulo – e um projeto de estádio, para o qual teria de buscar financiamento privado, como, por exemplo, está fazendo o Palmeiras em seu novo Palestra Itália. Ao se tornar estádio da Copa e, possivelmente, do jogo inaugural, depois de arquitetada a desclassificação do Morumbi, o empreendimento corintiano habilitou-se aos financiamentos e incentivos especiais. Mesmo não sendo a sede da abertura, o dinheiro público será providenciado, pois a nova arena permanecerá como única alternativa de jogos em São Paulo.

Eis como ficou o pacote de R$ 820 milhões para a construção de um estádio de 48 mil lugares, com capacidade para ser ampliado para 68 mil: o BNDES emprestará R$ 400 milhões – isso, claro, não é dinheiro dado, pois o empréstimo terá de ser pago. Mas os juros são subsidiados e as condições gerais, melhores, por ser obra da Copa; e a Prefeitura de São Paulo concederá um benefício fiscal de R$ 420 milhões. Isso é praticamente dinheiro dado.

A propósito, cabe aqui uma retificação. Tratamos deste assunto em artigos anteriores, salientando, então, que incentivo fiscal não é doar dinheiro. Como isso ocorreria? O empreendimento será administrado por um Fundo de Investimento Imobiliário (FII) e construído pela Odebrecht. O incentivo tradicional seria cancelar a cobrança dos impostos municipais (IPTU e ISS) sobre as atividades diretas ali, no canteiro de obras. Por exemplo: a subcontratação de pequenas construtoras não pagaria ISS.

Mas será mais do que isso. A Prefeitura emitirá uma espécie de títulos – Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento – e os entregará para o FII responsável pela construção da arena. Esse fundo poderá vender os certificados para empresas que tenham IPTU e ISS a pagar. Assim, contribuintes que pagariam seus impostos em dinheiro para a Prefeitura vão entregar certificados comprados do fundo.

Por que fariam isso? Porque obviamente vão adquirir os certificados com desconto no mercado financeiro. Assim, um certificado com valor de face de R$ 1 milhão pode sair por, digamos, R$ 900 mil. O fundo “corintiano” embolsa os R$ 900 mil, cash, e a outra empresa abate R$ 1 milhão de ISS e IPTU. A Prefeitura recebe os títulos e os cancela. E deixa de receber cash os R$ 420 milhões. Todo o dinheiro fica para o fundo aplicar no estádio. Sem precisar devolver nada.

Isso não cabe na expressão “dinheiro dado”?

Há, ainda, um problema aqui. Construtora e Corinthians dizem que o estádio sairá por R$ 820 milhões, a serem cobertos pelo financiamento do BNDES e pelos certificados da Prefeitura. Mas como estes serão vendidos com desconto, o fundo construtor receberá por eles algo em torno de R$ 375 milhões, supondo um deságio de 10%. Feitas as contas, faltarão uns R$ 45 milhões para os R$ 820 milhões orçados. De onde virá isso?

Além disso, se for confirmada como o palco do jogo de abertura (com a Seleção Brasileira), a arena corintiana vai receber mais investimento público. O governo paulista vai colocar algo entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões para instalar ali os 20 mil lugares provisórios e, assim, chegar aos 68 mil necessários para um “estádio abertura de Copa”. Como dizem diretores do Corinthians: o timão precisa de um estádio de 48 mil lugares; se a Prefeitura e o governo estadual querem a abertura, têm de pagar por isso.

O governador Alckmin sustenta que o investimento é para obter a abertura da Copa, evento que considera muito positivo para melhorar a imagem mundial de São Paulo. O prefeito Kassab bate na mesma tecla. Ambos acrescentam que o evento trará muita gente e muitos negócios para a cidade.

Será? Começa que essa conta é sempre muito duvidosa. Além disso, o caixa do governo é um só. O dinheiro que se gasta com Copa é subtraído de outras áreas e objetivos. Assim, cabe a questão: o que traz mais benefícios duradouros para o contribuinte-pagador, o evento Copa ou metrô, corredores de ônibus, escolas, hospitais, etc.?

Isso vale para todos os governos estaduais e prefeituras de cidades-sede. Todos colocam cada vez mais dinheiro na Copa.

Políticos e governantes fazem isso alegremente, tendo a certeza de que o povo quer a Copa e vai curti-la. Mas não pode ser assim, tão ligeiro. O certo seria ter colocado a questão claramente ao contribuinte. Assim: “Querem a Copa? O.k., mas é cara. Vai custar tantos bilhões de reais, a maior parte disso virá do governo, ou seja, do seu bolso. E esse dinheiro poderia ir para hospitais e escolas. Tudo bem?”.

Não houve debate. Só se pensou naquilo: ganhar a Copa no Maracanã. E muitos governantes garantiram que não colocariam dinheiro em estádios e obras que não fossem permanentes. Agora, estão invertendo as responsabilidades e os compromissos. E nos dizem: “Não queriam a Copa? Então vamos ter de gastar, e rápido, porque já está atrasado”.

Como se não fossem responsáveis por nada disso.

Todos os países gostam de fazer Copas e Olimpíadas. Alguns fizeram bem feito, outros foram muito mal.

Estamos indo pelos maus exemplos. Mas quem sabe o debate ajude a salvar a Olimpíada.

E, para piorar tudo, a Seleção não joga bola. Já pensaram, gastar um dinheirão, gastar mal e ainda perder?

domingo, 24 de julho de 2011

Vem aí a primavera brasileira!

Era uma vez, um dirigente há décadas no poder. Do palácio fez a sua casa, do governo seu sustento. Cercou-se de amigos. A eles (e aos parentes) entrego todos os cargos de confiança que usava para manter o status dominante. Vivia numa redoma. Controlava a mídia. Alimentava com benesses os que  estavam a seu lado. Boicotava, censurava e ameaçava “fazer maldades” com os poucos que ousavam desafiá-lo. Ou tão somente criticá-lo. Controlava a assembléia, tratava com agrados de todo tipo aqueles que, num colégio eleitoral nada legítimo, eleição após eleição, perpetuavam-lhe no poder. Tinha a sensação de que era imortal. Inatingível. Superior. Abusava da arrogância, da prepotência. Do direito de “cagar de montão” para tudo e para todos.

Não. Não é nada disso que vocês estão pensando. Deixem de ser maldosos. Não estou falando do presidente da CBF. Estou falando de Hosni Mubarak, o homem que foi ditador do Egito, o caudilho que hoje enfrenta o peso da lei. Como diriam aqueles caracteres minúsculos que passam correndo na tela no final dos filmes de Hollywood, qualquer semelhança com qualquer outro personagem da vida real é mera coincidência. Mas, cá para nós, tomara que essas coincidências continuem, não terminem aqui nessa parte da história.

Mubarak ia ali, levando a sua vidinha, ampliando seus negócios públicos-privados. E danando-se para os clubes... o torcedor (ops, esqueci... neste caso, é o povo egípcio). Tudo parecia tranqüilo no reino do faz de conta. Até que um dia... Em algum lugar do país, alguns perceberam que podiam mudar a história. Que, com certeza, não eram os únicos a não concordar com aquilo. Que milhares, milhões de pessoas compartilhavam daquele sentimento de repulsa e indignação. De desejo de mudança, de libertação. Só precisavam ser mobilizados.... E foi aí que alguém sentou-se no computador, acessou a Internet, entrou nas redes sociais e... O final feliz dessa história, de uma primavera árabe, todo o mundo já conhece.

Na semana que passou, à mia-noite de quarta-feira, um movimento pedindo a saída de Ricardo Teixeira, há 22 anos na presidência da CBF, foi lançado no Twitter. Aqui, como lá, começou devagarinho. E está crescendo. Em menos de 24 horas, já eram mais de 20 mil posts com a hashtag #foraricardoteixeira. Coisas como o que disse o internauta Fábio Moleiro: “Façamos como os egípcios, vamos derrubar nossos ditadores através das redes sociais”. Um site também foi criado, o http://www.foraricardoteixeira.com.br/ , que, além de publicar manifestações de tuiteiros, traz notícias das denúncias contra o senhor CBF.

Voltemos, pois, às coincidências. Da Internet, às ruas. A Frente Nacional de Torcedores promete marchar no Rio pela saída de Teixeira da organização da Copa do Mundo, exatamente no sábado, dia do sorteio das Eliminatórias. E a Confederação Nacional das Torcidas Organizadas não fica atrás, já anuncia protestos nos estádios para cobrar mudanças no comando do Mundial de 2014.

Ainda estamos no inverno. A primavera brasileira promete!

As lições da Celeste Olímpica

Fico feliz com a conquista dos uruguaios, os maiores vencedores da Copa América, superando os argentinos com um título a mais.

Nada mais justo. Prêmio para um trabalho que começou quando o técnico Oscar Tabárez assumiu o comando da Celeste em 2006. Ele coordena não só a equipe principal, mas também as categorias de base.

Não por acaso o Uruguai chegou à final da Libertadores, com o Peñarol, à final do Mundial sub-17, irá disputar o sub-20, teve o melhor jogador da Copa de 2010, Diego Forlán, garante uma vaga na Copa das Confederações, em 2013, e se torna campeão da Copa América, torneio que não vencia desde 1995, quando jogou em casa.

Fez ainda os três melhores jogos que vi na Copa da África do Sul. O empate por 0 a 0 contra a França, na estreia, por mostrar que saber defender bem é uma arte. A vitória contra Gana, pela emoção. E a derrota para a Alemanha, pela garra e pelo futebol aberto na disputa pelo terceiro lugar, provando que brigar pela terceira colocação é importantíssimo, sim, ao contrário do que muitos pensam no Brasil.

Jamais vamos jogar como eles, pois os estilos são diferentes, mas podemos nos espelhar no que eles fizeram, no trabalho com as categorias de base, na educação dos jogadores, no amor pela camisa celeste, já que o amor pela canarinho parece que anda fora de moda há muito tempo.

Só para lembrar: dos jogadores campeões, somente dois atuam no Uruguai. Mas nem por isso eles deixam de jogar com garra e amor a camisa celeste.

Uruguai, o maior campeão da América do Sul!

Para não dizer que o Brasil ficou ausente da decisão da Copa América, a arbitragem nacional deu o ar de sua desgraça, ao não dar um pênalti clamoroso do paraguaio Ortigoza, que defendeu com os braços uma bola em sua pequena área, logo aos 3 minutos.

Menos mal que Luís Suárez fez 1 a 0 aos 11, coroando a pressão brutal exercida pelo Uruguai.

Que mandou no jogo como quis, quase não correu nenhum risco e foi para o vestiário já campeão pela 15a. vez, porque Diego Forlan ampliou aos 41, aproveitando-se de esperta roubada de bola de Arévalo Ríos.

No segundo tempo os paraguaios foram à luta e não só mandaram uma bola no travessão como exigiram um milagre do goleiro Muslera.

Mas nada poderia tirar o título de um povo que com 3 milhões de habitantes, contra 41 milhões de argentinos e 193 milhões de brasileiros é o maior campeão da América do Sul.

E, aos 44, para coroar, em contra-ataque, de Cavani para Suárez que, de cabeça, dá para Forlan fazer 3 a 0.

Graaaaaaaaaaaaaaaaaande Uruguai! O maior campeão da Copa América!

O império de Juvenal

Um dos pontos positivos do São Paulo era a alternância de poder. Isso pelo jeito acabou com mudanças de estatuto, Juvenal Juvêncio perpetuando-se na presidência e a oposição, assim como a oposição ao governo brasileiro, desaparecendo, quase aniquilada.

O resultado está aí. Um clube perdido, apesar da boa colocação que ainda ocupa no Brasileiro, mas que demitiu o técnico Paulo César Carpegiani, depois voltou atrás por falta de alternativas, somente para dispensá-lo outra vez já em pleno Campeonato Brasileiro. E a contratação de Adilson Batista, que fracassou no Corinthians, no Santos e no Atlético-PR, foi só um remendo, apenas um improviso.

Se der certo, deu, se não der e a própria diretoria acha difícil que dê certo, ele cai fora no final do ano.
Começou mal no empate com o Atlético-GO. É um técnico parecido com Carpegiani, sem carisma e que não tem apoio da torcida. O mais grave, porém, é não ter apoio da própria diretoria, que só o chamou por não ver no mercado opções melhores no momento.

Com isso o império de Juvenal tende a ruir. O que seria bom para o São Paulo, mas não para os torcedores rivais, que têm se divertido às custas das trapalhadas do presidente são-paulino. Para quem via no clube do Morumbi um oásis de boa administração só posso dizer: os tempos mudaram. Para pior para quem torce para o São Paulo, para melhor para quem é corintiano, palmeirense ou santista.

Rivaldo ignora dança do João Sorrisão da Rede Globo.

O São Paulo empatou em 2 a 2 com o Atlético-GO e o Esporte Espetacular destacou a dancinha do João Sorrisão dos comandados de Adílson Batista no Morumbi. Porém, um jogador em especial magoou a apresentador Glenda Kozlowski: Rivaldo.

O veterano, aparentemente, ignorou a dancinha que o programa tanto panfleta nas partidas do Brasileirão. Na cena da comemoração do primeiro gol, de Rodolfo, o meia é visto abraçando o companheiro, mas assim que o zagueiro puxa o passinho cambaleante, Rivaldo sai do quadro. “Ué, o Rivaldo saiu de mansinho… ô Rivaldo…”, balbuciou a apresentadora, em tom triste.

E não foi só isso. O São Paulo voltaria a marcar de novo e com o próprio Rivaldo anotando o gol. Mais uma vez, nada de dancinha ou de João Sorrisão. “Mas teve Rivaldo Sorrisão! Olha o bocão aberto do Rivaldo”, contentou-se Glenda, enquanto as imagens focavam a alegria do jogador após o gol.

Vale lembrar que a Rede Globo promete entregar um exemplar do boneco de plástico a cada jogador que comemorar um gol imitando o seu jeito de balançar – para os lados, para frente e para trás. A ação do “Esporte Espetacular” expôs mais uma vez o poder de fogo da Globo, dona dos direitos de transmissão do Brasileiro. A emissora dá uma visibilidade que nenhum concorrente é capaz de oferecer. Em três semanas, dezenas de jogadores comemoraram seus gols imitando o “João Sorrisão”.

Fora o sucesso de marketing, não vejo nenhuma qualidade nesta promoção. Aliás, creio que este sucesso é capaz de produzir um efeito bumerangue, ou de “bate e volta”, como o próprio boneco, e acabar acertando a cabeça da emissora.

Afinal, já proibidos de tirar a camisa e de correr para fora do campo na hora da maior alegria, só falta agora todos os jogadores comemorarem o gol de uma mesma maneira. Seria um desastre para quem transmite o campeonato.

Em tempo: Um dos maiores goleadores da história do futebol brasileiro, o genial Dadá Maravilha, lamentou em seu Twitter que os jogadores estejam sendo tão pouco criativos na hora de festejar o gol. Concordo com ele. Ainda bem que o Rivaldo não entrou nessa.

Não é imbatível! Cruzeiro tira invencibilidade do Timão

Corinthians e Cruzeiro, em bela tarde ensolarada na Paulicéia, não fizeram o primeiro tempo que se esperava deles.

Não que tenha sido um mau jogo, mas esteve longe de ser palpitante, embora cada time tenha criado pelo menos três boas chances de gol cada um.

Os paulistas começaram num ritmo forte que os mineiros trataram de controlar nem bem eram passados 10 minutos.

E assim foi durante todo o primeiro tempo, como, até os 10 do segundo, o Cruzeiro não conseguia jogar e o Corinthians não conseguia criar, tanta a marcação.

Aí, apareceu o talento, a centelha que faz a diferença.

Da intermediária, Wallyson percebeu o promissor goleirinho estreante Renan adiantado e fez um dos mais belos gols do Brasileirão-2011: Cruzeiro, 1 a 0.

Aos 15, o também estreante, mas nada promissor Ramon, deu uma cortada dentro da área e a arbitragem fingiu que não viu para não marcar um pênalti escandaloso, chance estupenda para o 2 a 0.

Imediatamente Tite tirou o lateral que veio do Vasco e pôs Alex para ajudar a buscar o empate. Deveria ter começado assim.

E, aos 27, Gilberto, corretamente, levou o segundo cartão amarelo, inexplicável para quem tem a experiência dele, ao segurar Alex no meio de campo.

Esforçado, mas infeliz, o Sheik Emerson não matava as saudades corintianas de Liedson, ao contrário, matava aas raras chances criadas pelos alvinegros que viam o Cruzeiro liquidar com sua invencibilidade.

O time mineiro vingou-se da derrota do ano passado, deixou apenas o Flamengo como o único invicto e ainda teve um pênalti não marcado a seu favor.

Está no páreo, como sempre.

E a Fiel aplaudiu seu time derrotado no Pacaembu com 33.575 pagantes.

Mesmo com a derrota, o Timão continua muito a frente de seus adversários diretos, que também tropeçaram.

Marquinhos faz dois gols para valer um: Flu vence Palmeiras

Em Volta Redonda, num gramado que nem a família Teixeira, aquela cujo chefe faz montão, merecia ser obrigada a jogar futebol, Fluminense e Palmeiras esquilibraram os 45 minutos iniciais, num jogo franco, em que Fred&Cia queriam vencer na mesma medida em que Valdivia&Cia também queriam.

E houve pelo menos duas excelentes oportunidades para cada um para abrir o placar, mas ou Marcos ou Diego Cavalieri impediram, ou a pontaria falhou.

Como foi o primeiro tempo o segundo continuou, mas com Ciro no lugar de Souza .

E o Flu estreou Rafael Sobis no lugar de Deco para, em seguida, ver um crime na anulação do gol legalíssimo de Marquinho, aos 25, por impedimento que não cabia nem dúvida.

Mas como, às vezes, o que é do homem o bicho não come, o mesmo Marquinho fez mais um gol, e este valeu, aos 29, de cabeça, belíssimo, um minuto depois de o Palmeiras ter trocado Maikon Liete por Patrik: Flu 1 a 0, com justiça.

Aos 31 saiu Valdívia para entrar Rivaldo e aos 40 Valencia substituiu Marquinho.

O Flu honrou seu título, mesmo num gramado que envergonha o futebol brasileiro.

E o Palmeiras desperdiçou uma grande oportunidade, porque os concorrentes diretos também tropeçaram.

Por que o brasileiro não reage?

Por que os brasileiros não reagem à corrupção? Por que a indignação resulta apenas numa uma carta enviada à Redação ou numa coluna de jornal? Por que ela não se transforma em revolta, não mobiliza as pessoas, não toma as ruas? Por que tudo, no Brasil, termina em Carnaval ou em resmungo?

        A pergunta inicial não foi feita por um brasileiro (o que é sintomático). Foi Juan Arias, correspondente do jornal "El País" no Brasil, quem a formulou num artigo recente. "
Es que los brasileños no saben reaccionar frente a la hipocresía y falta de ética de muchos de los que les gobiernan?". Y entonces???
        Não existe resposta simples aqui. Em primeiro lugar, a vida de milhões de brasileiros melhorou nos últimos anos, mesmo sob intensa corrupção, e apesar dela. Ninguém que leve o materialismo a sério pode desconsiderar esse dado básico. Além disso, o PT, na prática, estatizou os movimentos sociais. Da UNE ao MST, passando pelas centrais sindicais, todos recebem dinheiro do governo. Foram aliciados. São entusiastas e sócios do poder, coniventes com os desmandos porque têm interesses a preservar, como o PR de Valdemar e Pagot.
        Há ainda um terceiro aspecto, menos óbvio, que leva muita gente progressista a se encolher diante da corrupção. É a ideia introjetada de que qualquer movimento político ou mobilização contra a bandalha acaba sendo uma reedição do espírito udenista, coisa da direita ou que serve a seus propósitos. O lulismo soube explorar esse enredo, como se estivesse em jogo no mensalão uma disputa entre Vargas (o pai dos pobres nacionalista) e Lacerda (o moralista a serviço das elites).
        Lula nunca moveu uma palha para mudar o sistema político podre que o beneficiou. Com a corrupção sob seu nariz, preferiu posar de vítima da imprensa golpista. Enquanto isso, seus aliados, no PT ou à direita, golpeavam os cofres da Viúva, exatamente como sempre neste país. Está aí a gangue dos Transportes, na estrada há 10 anos.

No ar, mais que aviões de carreira…

Da “Folha de S.Paulo de hoje:

Caos aéreo

Perto de se tornar patrocinadora da seleção, TAM propôs vender a Ricardo Teixeira um jato novo, aceitando como parte do pagamento um usado que já era dela, em uma negociação complexa e confusa

ELVIRA LOBATO
DO RIO

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

Dois meses antes de se tornar patrocinador da seleção, o grupo TAM propôs vender a Ricardo Teixeira, presidente da CBF, um jato particular novo de US$ 12,5 milhões.
Como parte do pagamento, Teixeira daria um avião usado, o Cessna de prefixo PT-XIB, que entraria no negócio por US$ 7,9 milhões. O avião novo seria entregue no primeiro trimestre de 2009.
O negócio seria comum se Teixeira fosse dono do avião usado. Mas, naquela ocasião, a aeronave pertencia à fabricante Cessna, que a TAM representa no Brasil.
Em maio, quando a TAM fechou patrocínio com a CBF, a TAM Táxi Aéreo foi autorizada pela direção da companhia a comprar o avião.

Não entendeu? De novo: às vésperas de se tornar patrocinadora da seleção, a TAM propôs vender a Teixeira uma aeronave zero, aceitando o jato usado PT-XIB, pertencente à própria TAM, como parte do pagamento.

Os destinos seguintes do avião parecem ter sido traçados para deixar a história bem confusa. Teixeira não ficou com a aeronave nova, e a TAM vendeu o PT-XIB para a empresa Brasil 100% Marketing. O valor não foi revelado.

A Brasil 100% Marketing pertence a amigos de Teixeira. Um é o executivo financeiro Cláudio Honigman. O outro, Sandro Rosell, sócio da mulher de Teixeira na Habitat Brasil Empreendimentos Imobiliários e também sócio de Honigman na mesma Brasil 100% Marketing.

Rosell é presidente do Barcelona, vive na Espanha e raramente vem ao Brasil. Suas empresas aqui são administradas por representantes.

Foi Rosell quem fechou o contrato de patrocínio entre a CBF e a Nike, em 1996, quando ele era diretor da companhia no Brasil. O contrato foi investigado em uma CPI, arquivada em 2001.

Em julho de 2008, Honigman fez acordo com Rosell.

No contrato, Honigman se comprometeu a transferir o PT-XIB da Brasil 100% Marketing para outra empresa de Rosell no Brasil, chamada Ailanto Marketing. Preço: R$ 8 milhões (equivalente na ocasião a US$ 4 milhões).

Em novembro, a Ailanto foi contratada pelo ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda para organizar o amistoso entre as seleções do Brasil e de Portugal que marcou a inauguração do estádio Bezerrão. Foram pagos R$ 9 milhões à Ailanto.

A contratação fez o Ministério Público Estadual mover uma ação civil pública sob suspeita de superfaturamento e outras irregularidades. Até hoje, as autoridades públicas tentam reaver a verba.

sábado, 23 de julho de 2011

Desastre no Morumbi

Futebol é mesmo coisa de louco.

O São Paulo fez gato, mas não fez sapato, no jogo no gelado Morumbi.

O São Paulo trocava bola como queria, virava o jogo para lá e para cá, com Lucas dando outra mobilidade ao ataque e Rivaldo tentava aumentar a inteligência do time.

Só que estava tão fácil que todos pareciam acreditar que uma goleada surgiria naturalmente.

Mas faltava alguém para chutar ao gol. Um centroavante.

Luis Fabiano está contudido ainda e sem previsão de volta.

Henrique e Willian José estão na Seleção sub-20.

A defesa não estava bem. Não gostei do Xandão e o Juan estava um desastre.

Para mim, o melhor do São Paulo foi o Rivaldo. Gostaria de saber o que Carpegiane pensa do meia agora.

E jogo acabou no Morumbi, sob vaias.

No ano passado, o Atlético Goianiense tomou seis pontos e o título do Corinthians.

Será a vez do São Paulo?

É inconcebível perder dois pontos desse jeito, ainda mais depois de ter vencido o Inter fora de casa.

Com o resultado, o Tricolor pode perder a vice-liderança para o Flamengo, que joga hoje contra o fraco Ceará em casa, as 21hs.

Gilberto Kassab, para onde vão os dutos do Itaqueirão?

A Transpetro disse que os dutos sob o terreno do estádio de Itaquera serão transferidos para outro local cedido pela prefeitura.

“Os dutos serão transferidos para uma área próxima do local, a ser cedida pela Prefeitura de São Paulo, onde será instituída uma nova faixa de domínio“, afirmou a ouvidoria da empresa na resposta ao email de Soninha Francine com questionamentos sobre a obra.

A resposta da Transpetro deixa enormes dúvidas no ar.

São questões importantes para o prefeito Gilberto Kassab, responsável pela administração da maior cidade do continente e uma das pessoas que mais se esforçou para levantar a verba do futuro estádio paulista do mundial, responder.

Kassab tem que esclarecer para a sociedade:

Para qual terreno próximo os dutos serão removidos?

Há algum da prefeitura na região que pode recebê-los? Qual?

Caso não, a prefeitura vai desapropiar alguma área privada? Qual?

Se já fizeram isso, qual seria a utilização da mesma antes de ser o local que vai receber os dutos?

Há prédios, creches, hospitais, locais com pessoas perto do terreno que vai receber os dutos?

Os cidadãos correm riscos de contaminação durante ou após a instalação dos dutos?

Quando acontecerão as audiências públicas obrigatórias para tratar do assunto?

A Transpetro afirmou que a terraplanagem não está sendo feita no local onde há dutos. Quando acontecerá a remoção para evitar o atraso maior no cronograma das obra?

A retirada dos dutois deve custar R$ 30 milhões. A Petrobrás não pretende pagar. O valor não está dentro do orçamento de R$ 890 milhões. A prefeitura vai gastar dinheiro do contribuinte nisso?

Na íntegra os emails

Leia o email da Soninha e e a resposta da Transpetro.

Da Soninha:

Prezados,
Sabemos que há um duto da Transpetro sob o terreno onde será construído o estádio do Corinthians.
Pelo que noticiou a imprensa, a empreiteira (Odebrecht) assumirá a responsabilidade pela transposição do duto, a um custo de cerca de R$30 milhões (não sei se a notícia está correta).
Hoje foi anunciado o início das obras do estádio, começando pela terraplanagem.
Pois bem – sabendo que ali era faixa de domínio da Transpetro (é assim que se diz?); que toda circulação ali, inclusive de funcionários, sempre foi feita com o maior cuidado; que, até onde eu sei, o duto continua lá, pergunto:
- É totalmente seguro começar a terraplanagem antes de instalar o duto em outro lugar?
- Para onde ele será transferido? Haverá uma faixa de domínio conveniente na nova localização?

Muito obrigada.

Sonia Francine Gaspar Marmo

Da Transpetro:

“Não haverá terraplanagem sobre a área de faixa de dutos antes destes serem instalados em outro lugar. Os serviços de terraplanagem estão sendo atualmente executados fora da faixa de dutos, a uma distância segura.
Os dutos serão transferidos para uma área próxima do local, a ser cedida pela Prefeitura de São Paulo, onde será instituída uma nova faixa de domínio.”

Eu sou paranormal ou somos um bando de otários?

A Copa do Mundo do Ricardo Teixeira em 2014 e a loucura do dia-a-dia me deixaram desconfiado que sou paranormal.

Quando a Fifa escolheu o Brasil, imediatamente antevi nos anos seguintes as notícias sobre o contrato beneficiando organizadores, quebra de promessas como a de financiamento do torneio pela iniciativa privada, atrasos nas obras de orçamentos gigantescos, subserviência de governantes, alvarás atípicos, decisões políticas ao invés de técnicas na escolha de sedes e estádios, tudo sob a aprovação dos pachecos e de interessados midiáticos.

A confirmação das visões me faz crer que sou abençoado pelo criador com o dom de premonição. Penso em abrir uma “futuraria” e dar consultas a preço popular. Que tal?

Não quero ser guru de famosos. Se Deus realmente escolheu este simples mortal entre bilhões, só me resta cumprir a obrigação de dividir a graça com os semelhantes.

A necessidade de pagar o aluguel do negócio e as contas pessoais impedem o trabalho gratuito. Preciso tomar cuidado, testar o produto (a paranormalidade), antes de começar na nova profissão. Farei outras profecias para saber se realmente sou do ramo.

“Muitos estádios custarão mais que o anunciado”.

“A lei das licitações admite aumento de até 25% do valor divulgado de cada obra. Todos ou quase todos os estádios usarão tal limite”.

“Os governos que não deveriam gastar um centavo do dinheiro público nos palcos dos jogos vão pagar também a diferença”.

“Haverá denúncias de superfaturamento, as explicações dos responsáveis serão pouco convincentes e a justiça não vai punir ninguém”.

“Os organizadores lembrarão de coisas importantes que não foram licitadas no momento certo”.

“Licitações serão dispensadas por falta de tempo e tudo que precisar de dinheiro público sem elas vai custar muito caro”.

“O torneio renderá ao Comitê Organizador Local, uma empresa privada cujo presidente é o Ricardo Teixeira, lucros milionário ou bilionário”.

“A Copa dará um grande prejuízo ao Brasil”.

Aviso: não me chame de picareta e previsível. Ou consigo pressentir o futuro ou somos um bando de otários passivos que faz festa por ser enganado.

Prefeitura e o Governo Estadual enfia seu dinheiro em obra privada. É o Indecentão!

O estádio do Corinthians já nasceu de forma errada, nada ética, com a divulgada interferência do ex-presidente Lula até que uma empreiteira, generosamente, resolveu executar a obra para o clube. O orçamento inicial era de aproximadamente R$ 350 milhões, "modesto" se comparado aos estratosféricos valores alcançados pelas inflacionadas "arenas" da Copa do Mundo de 2014.

Ao entrar na lista dos estádios do Mundial, o Itaquerão teve suas cifras ampliadas a ponto de alcançarem os R$ 820 milhões, sendo R$ 420 milhões por intermédio de renúncia fiscal. Um presente do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (que tinha dito que a prefeitura não usaria dinheiro público em estádio), em parceria com os vereadores. Onde estaria o tal estudo que aponta um faturamento até três vezes superior ao que os cofres públicos deixarão de arrecadar na construção do estádio que podemos chamar agora de "Isentão".


E como não bastasse tudo isso, eis que o diretor da Odebrecht, Carlos Armando Paschoaldiz que nos R$ 820 milhões orçados para o Fielzão não estão computados os reais necessários para os 20 mil lugares a mais exigidos pela Fifa para a abertura da Copa. O Corinthians argumenta que este dinheiro, coisa de mais R$ 70 milhões segundo Paschoal, virá do governo do Estado, o mesmo que, na palavra do governador  Geraldo Alckmin, garantiu que não poria um centavo de dinheiro público em estádios. Mas segundo o governo, o dinheiro não irá para o estádio, mas para financiar a abertura da Copa, porque os 20 mil lugares adicionais serão desmontados depois da Copa.
 Não é fabuloso?

Dinheiro público de forma indireta aplicado em uma obra privada. É mais imoral do que os estupros do Maracanã e do Mineirão, que pelo menos são do Estado. Talvez o estádio deva se chamar "Indecentão", afinal, é imoral o que se faz para levar tal loucura adiante.

Se você é corintiano, vive na cidade de São Paulo, usa hospitais públicos, tem filhos em escolas do governo, depende do transporte coletivo, passa horas num interminável sofrimento para ir de casa para o trabalho e voltar ao seu lar, ou seja, se o Estado não lhe oferece o que deveria, mas ainda assim preferes o tal estádio... Lamento por você, meu caro, sinceramente, lamento.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Mais uma: a ridícula isenção a clubes de RJ/SP

O gabinete de dois vereadores paulistanos estuda projeto parecido com o que Eduardo Paes enviou à Câmara dos Vereadores do Rio. A ideia é ajudar os clubes a diminuir suas dívidas com a prefeitura, dívidas de ISS e IPTU.
Dívidas até 1 milhão de reais seriam perdoadas e as superiores a este valor teriam 40% do saldo remanescente zerado ou com possibilidade de renegociação.
O projeto causa polêmica no Rio e se for levado adiante em SP a tendência é que aconteça a mesma coisa.
O objetivo é dúbio. Há vereadores que acreditam que a principal meta é ajudar os clubes pequenos, que fazem trabalhos sociais, mas estão em situação financeira caótica, por isso o valor da dívida estipulado em 1 milhão de reais. Mas os grandes, alguns dos quais chegam a dever mais de 50 milhões de reais, seriam muito favorecidos com a possibilidade de renegociar ou ver cancelado 40% do saldo total de sua dívida com o município.
Tanto em SP quanto no Rio sou contra o projeto. Há setores que precisam muito mais de auxílio dos dois municípios, como saúde e educação. Médicos e professores que ganham pouco mais de 1 mil reais por 20 horas de trabalho representam uma vergonha para a nossa sociedade, que tanto precisa deles e precisa que eles sejam bem remunerados. Isso sim é sério. Como é sério dar mais um benefício aos clubes, sejam eles de porte pequeno, médio ou grande, pois o trabalhador comum que se endivida com o município terá o mesmo tipo de direito? Duvido e tampouco sei se seria justo com quem paga suas contas em dia.

Homens de palavras.

Ontem o “Estadão” lembrou das seguintes declarações, hoje no mínimo curiosas:
Geraldo Alckmin, governador de SP, em 2010: “Não tem sentido colocar dinheiro público em estádios. Deve ser dinheiro privado.” Anteontem anunciou que o governo estadual, sob seu comando, disponibilizará até 70 milhões de reais para colocar e retirar 20 mil lugares e aumentar a capacidade do Fielzão para a Copa de 2014;
Gilberto Kassab, prefeito de SP, também em 2010: “Mesmo que SP tenha recursos, eles não serão dirigidos para estádio e sim para outros projetos.” Em 2011 a Prefeitura de SP resolveu conceder 420 milhões de reais em Certificados de Investimentos para Desenvolvimento (CID) a fim de viabilizar a construção do Fielzão;
Ricardo Teixeira, presidente da CBF, há quatro anos: “Eu não vou escolher construtora, não vou comprar nada com dinheiro do governo. Não vai ter dinheiro público na Copa.” Então tá…
Orlando Silva, ministro do Esporte, também há quatro anos: “Os estádios serão construídos com dinheiro privado. Não haverá um centavo de dinheiro público para estádios.” Então tá II…

Festa em Itaquera escancara Copa irreal


O discurso das autoridades e cartolas na festa no terreno do futuro estádio corintiano escancarou a maneira distante da realidade com que a Copa de 2014 vem sendo tratada pelos responsáveis por ela.

A começar pelo mantra do ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior. Ele diz ter certeza de que o Brasil fará a melhor Copa de todos os tem...pos. Seria mais realista se dissesse que podemos entrar para história como os organizadores que mais se atrasaram.

Também fora da realdiade, o governador Geraldo Alckmin lembrou o ufanismo de Galvão Bueno ao tentar colocar no Itaquerão o DNA de palmeirenses, são-paulinos, santistas e de todos os brasileiros. Só faltou dizer que o Itaquerão é o Brasil na Copa.

Andrés Sanchez e a Odebrecht fizeram questão de mostrar que agora vai, sendo que na realidade nem a lição de casa das primeiras aulas foi feita. O BNDES confirmou nesta quarta que clube e construtora ainda não apresentaram a carta consulta para obter o financiamento, vital para a obra. A Transpetro, responsável pelos dutos de Itaquera, espera os empreendedores aparecerem com os R$ 30 milhões para a retirada deles.

O governo do Estado ainda não tem um orçamento oficial sobre os gastos com as arquibancadas móveis para a ampliação da arena. No mundo real, nada corresponde à Copa fantasiada pela turma de terno e gravata. Quanto mais longo for esse sonho, mais caro vai ficar o Mundial de verdade. Pelo simples fato de que obras aceleradas custam mais. Quer apostar quem vai pagar essa conta?

Mas o mais ridículo ainda continua sendo o "incentivo fiscal" (dinheiro público), dado pelo Kassab ao Itaqueirão. Não são poucos os juristas, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil inclusive, assim como alguns ministros do Tribunal de Contas da União, que discordam do argumento de que incentivo fiscal não é dinheiro público. Um dinheiro que poderia ser investido em melhorias no próprio bairro de Itaquera, sendo usado para aumentar o patrimônio de um clube. Também não acredito que irá ter melhorias na região da Zona Leste por isso. Basta ver o Engenhão, no RJ, que teve as mesmas promessas e nenhum legado.

Mas o brasileiro, que tem uma vida muito sofrida, infelizmente prefere que seu clube cresça seu patrimônio do que ter uma vida melhor, mais digna. Tanto que alguns "cidadãos" foram a câmara pressionar os vereadores contrários ao incentivo. Por que não pressionam por melhorias no transporte públicos, escolas, segurança, saude?

Ah, e não nos esqueçamos da demagogia: arenas hoje em dia são feitas para a “elite branca”, não para a “gente diferenciada”, como, aliás, o Pacaembu, a “casa do Corinthians”. tem testemunhado. E também em jogos do Santos.