domingo, 24 de julho de 2011

Vem aí a primavera brasileira!

Era uma vez, um dirigente há décadas no poder. Do palácio fez a sua casa, do governo seu sustento. Cercou-se de amigos. A eles (e aos parentes) entrego todos os cargos de confiança que usava para manter o status dominante. Vivia numa redoma. Controlava a mídia. Alimentava com benesses os que  estavam a seu lado. Boicotava, censurava e ameaçava “fazer maldades” com os poucos que ousavam desafiá-lo. Ou tão somente criticá-lo. Controlava a assembléia, tratava com agrados de todo tipo aqueles que, num colégio eleitoral nada legítimo, eleição após eleição, perpetuavam-lhe no poder. Tinha a sensação de que era imortal. Inatingível. Superior. Abusava da arrogância, da prepotência. Do direito de “cagar de montão” para tudo e para todos.

Não. Não é nada disso que vocês estão pensando. Deixem de ser maldosos. Não estou falando do presidente da CBF. Estou falando de Hosni Mubarak, o homem que foi ditador do Egito, o caudilho que hoje enfrenta o peso da lei. Como diriam aqueles caracteres minúsculos que passam correndo na tela no final dos filmes de Hollywood, qualquer semelhança com qualquer outro personagem da vida real é mera coincidência. Mas, cá para nós, tomara que essas coincidências continuem, não terminem aqui nessa parte da história.

Mubarak ia ali, levando a sua vidinha, ampliando seus negócios públicos-privados. E danando-se para os clubes... o torcedor (ops, esqueci... neste caso, é o povo egípcio). Tudo parecia tranqüilo no reino do faz de conta. Até que um dia... Em algum lugar do país, alguns perceberam que podiam mudar a história. Que, com certeza, não eram os únicos a não concordar com aquilo. Que milhares, milhões de pessoas compartilhavam daquele sentimento de repulsa e indignação. De desejo de mudança, de libertação. Só precisavam ser mobilizados.... E foi aí que alguém sentou-se no computador, acessou a Internet, entrou nas redes sociais e... O final feliz dessa história, de uma primavera árabe, todo o mundo já conhece.

Na semana que passou, à mia-noite de quarta-feira, um movimento pedindo a saída de Ricardo Teixeira, há 22 anos na presidência da CBF, foi lançado no Twitter. Aqui, como lá, começou devagarinho. E está crescendo. Em menos de 24 horas, já eram mais de 20 mil posts com a hashtag #foraricardoteixeira. Coisas como o que disse o internauta Fábio Moleiro: “Façamos como os egípcios, vamos derrubar nossos ditadores através das redes sociais”. Um site também foi criado, o http://www.foraricardoteixeira.com.br/ , que, além de publicar manifestações de tuiteiros, traz notícias das denúncias contra o senhor CBF.

Voltemos, pois, às coincidências. Da Internet, às ruas. A Frente Nacional de Torcedores promete marchar no Rio pela saída de Teixeira da organização da Copa do Mundo, exatamente no sábado, dia do sorteio das Eliminatórias. E a Confederação Nacional das Torcidas Organizadas não fica atrás, já anuncia protestos nos estádios para cobrar mudanças no comando do Mundial de 2014.

Ainda estamos no inverno. A primavera brasileira promete!

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