sexta-feira, 22 de julho de 2011

Festa em Itaquera escancara Copa irreal


O discurso das autoridades e cartolas na festa no terreno do futuro estádio corintiano escancarou a maneira distante da realidade com que a Copa de 2014 vem sendo tratada pelos responsáveis por ela.

A começar pelo mantra do ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior. Ele diz ter certeza de que o Brasil fará a melhor Copa de todos os tem...pos. Seria mais realista se dissesse que podemos entrar para história como os organizadores que mais se atrasaram.

Também fora da realdiade, o governador Geraldo Alckmin lembrou o ufanismo de Galvão Bueno ao tentar colocar no Itaquerão o DNA de palmeirenses, são-paulinos, santistas e de todos os brasileiros. Só faltou dizer que o Itaquerão é o Brasil na Copa.

Andrés Sanchez e a Odebrecht fizeram questão de mostrar que agora vai, sendo que na realidade nem a lição de casa das primeiras aulas foi feita. O BNDES confirmou nesta quarta que clube e construtora ainda não apresentaram a carta consulta para obter o financiamento, vital para a obra. A Transpetro, responsável pelos dutos de Itaquera, espera os empreendedores aparecerem com os R$ 30 milhões para a retirada deles.

O governo do Estado ainda não tem um orçamento oficial sobre os gastos com as arquibancadas móveis para a ampliação da arena. No mundo real, nada corresponde à Copa fantasiada pela turma de terno e gravata. Quanto mais longo for esse sonho, mais caro vai ficar o Mundial de verdade. Pelo simples fato de que obras aceleradas custam mais. Quer apostar quem vai pagar essa conta?

Mas o mais ridículo ainda continua sendo o "incentivo fiscal" (dinheiro público), dado pelo Kassab ao Itaqueirão. Não são poucos os juristas, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil inclusive, assim como alguns ministros do Tribunal de Contas da União, que discordam do argumento de que incentivo fiscal não é dinheiro público. Um dinheiro que poderia ser investido em melhorias no próprio bairro de Itaquera, sendo usado para aumentar o patrimônio de um clube. Também não acredito que irá ter melhorias na região da Zona Leste por isso. Basta ver o Engenhão, no RJ, que teve as mesmas promessas e nenhum legado.

Mas o brasileiro, que tem uma vida muito sofrida, infelizmente prefere que seu clube cresça seu patrimônio do que ter uma vida melhor, mais digna. Tanto que alguns "cidadãos" foram a câmara pressionar os vereadores contrários ao incentivo. Por que não pressionam por melhorias no transporte públicos, escolas, segurança, saude?

Ah, e não nos esqueçamos da demagogia: arenas hoje em dia são feitas para a “elite branca”, não para a “gente diferenciada”, como, aliás, o Pacaembu, a “casa do Corinthians”. tem testemunhado. E também em jogos do Santos.

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