quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A "Patota" pode ficar mais forte.

É louvável a iniciativa do maior grupo de comunicação do país de tornar públicos os princípios editoriais que regem a prática de seu jornalismo, amplamente divulgados nas diversas plataformas de mídia das Organizações Globo ao longo dessa semana. Mais relevante ainda quando enquadrada num contexto em que o exercício da ética, o respeito ao interesse público e aos valores republicanos dia após dia vêm sendo vilipendiados nos corredores e gabinetes das mais distintas esferas do poder político. E também em muitas esferas do esporte.

O documento da Globo deixa claro os compromissos com a independência e com a isenção. Determina uma prática apartidária, laica, que não se colocará a favor ou contra governos, igrejas, clubes, partidos ou grupos econômicos.

Estabelece, nesse sentido, condutas a serem cumpridas por todos os seus profissionais, em todos os níveis do jornalismo, perante as fontes, o público, os colegas e o veículo para o qual trabalham. Sempre voltadas para a defesa intransigente, entre outros princípios, da democracia, das liberdades individuais e da livre iniciativa. O poder de influência das Organizações Globo, por sua abrangência nacional, tem a força de um canhão. Uma posição conquistada pela credibilidade construída ao longo dos anos, em que os acertos em larga escala superam os erros. O que sai nos telejornais, e nos outros veículos da Globo, ajuda a formar a opinião, a consciência de milhões de brasileiros de Norte a Sul do país. Para os que defendem as causas do bem, sair no Jornal Nacional é uma vitória. Aparecer "mal na fita" deixa em pânico personagens conhecidos da vida pública nacional.

Não foi à toa que o presidente da CBF Ricardo Teixeira, na recente matéria publicada pela revista Piauí, declarou, comentando a série de denúncias contra ele: "Só vou ficar preocupado quando sair no Jornal Nacional". Uma frase dita com a arrogância de quem se acha protegido e capaz de influenciar editorialmente o principal programa jornalístico da televisão brasileira.

Qualidade técnica, competência do quadro de profissionais, o jornalismo da Globo tem de sobra. Não foram poucos os desmandos denunciados na política e no restante da vida do país, gerando punições, cassações e até prisões. De dar orgulho pelo dever cumprido.

Também no esporte existe esta competência e vontade de fazer direito. Ainda assim, em mais de uma ocasião, fui contrário as posições da Globo quando julguei que estas não eram condizentes com os interesses maiores do esporte. Jorge Kajuru, em uma recente entrevista, resume bem isso: "A Globo não faz jornalismo esportivo, Faz negócios."

Agora, a publicação dos princípios editoriais e sua aplicação nos temas do esporte em que pese os vultosos e legítimos negócios da emissora nessa área me enche de esperança.

Confio que a prática de um jornalismo pautado pelo interesse do torcedor, pelo crescimento do esporte via profissionalização das entidades e dos clubes fará com que alcance o estágio elevado com que sonham os milhões de amantes do futebol e do esporte brasileiro como um todo.

Assim, a "patota" como Ricardo Teixeira referiu-se ao Lance!, à Folha de S.Paulo, ao UOL e à ESPN, reclamando das críticas na mesma entrevista à Piauí ficará ainda mais forte ao contar com um aliado de tamanha força.

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